Os antigos já alertavam: quem cria cobra, corre o risco de morrer picado. Ontem, depois da aprovação da terceirização na Câmara dos Deputados, parte do movimento sindical que nos últimos dois anos se deixou levar pelo partidarismo inconsequente, adotando posturas e posicionamentos estranhos à luta em defesa dos trabalhadores, começou a sentir os efeitos do veneno que é se juntar com gente que não dá a mínima para os anseios da classe trabalhadora.
Esperamos que a aprovação da terceirização, que significa uma tragédia para os trabalhadores brasileiros, conforme alertou o Ministério Público do Trabalho, seja um despertar para aqueles que ainda estão na fantasia de acreditar que o governo está aberto a negociar com os trabalhadores qualquer projeto ou reforma.
Até agora, o único objetivo dos convites que recebemos do governo foi para tomar cafezinho em gabinete e servir de marionete para o governo chegar, tirar foto e sair alardeando que está “conversando” com os trabalhadores.
Por enquanto só servimos para isso, pois nenhuma das propostas das Centrais tanto para a Previdência, quanto agora para a terceirização e, daqui a pouco para a reforma trabalhista, foi sequer levada em conta pelo governo e pelos deputados.
O resultado está aí. A terceirização aprovada, o trabalhadores mais vulneráveis e uma grande dor de cabeça para os Sindicatos. O movimento sindical e os trabalhadores que se espertem. Ou nos mobilizamos para formar uma ampla resistência contra os ataques declarados do governo, deputados e do capital ou vamos ter que engolir retrocesso sobre retrocesso e a quase extinção dos direitos.
Chega de ficar tomando cafezinho em gabinete. Não dá para se iludir: apesar dos afagos, o “clube” dos donos do dinheiro e do poder é fechado para os trabalhadores. A única coisa que vamos conseguir com essa tática de gabinete é uma grande azia e o risco de entrar para a História como os traidores dos trabalhadores. Chega de politicagem. Agora é hora da luta na rua.
SÉRGIO BUTKA – PRESIDENTE DA FORÇA PARANÁ E DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DA GRANDE CURITIBA