Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Tarso recebe homenagem em evento de anistia com choro, canções e discursos

Michel Filho/Agência O Globo

O ministro Tarso Genro recebe uma estatueta
de Clarah Charf, viúva de Carlos Marighella

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao som da “Canção da América” (“Amigo é coisa para se guardar…”) e com discursos entrecortados por lágrimas, o ministro da Justiça, Tarso Genro, participou ontem de sua última Caravana da Anistia, evento itinerante que analisa pedidos de anistia. Foi sua despedida da pasta: ele será candidato ao governo do Rio Grande do Sul.

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, não se conteve e chorou duas vezes. Ele agradeceu a Tarso por ter orientado a comissão a “priorizar a anistia dos trabalhadores”. No evento, realizado no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, foram analisados 88 pedidos, alguns para metalúrgicos. Até hoje, a comissão recebeu 55 mil processos e deferiu 35 mil pedidos -dos quais, 11 mil com reparação financeira.

Ontem, o ministro da Justiça ganhou presentes de funcionários da comissão e um vídeo de homenagem. “Com o senhor e ao seu lado, nós descobrimos que a política vale a pena”, declarou Abrão.

O ato foi apresentado pela atriz Zezé Mota. Ela também chorou após a apresentação do documentário e cantou a música “Senhora Liberdade” (“Abre as asas sobre mim…”).

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), brincou: “Até parece que o Tarso vai parar, quando ele irá ser governador do Rio Grande do Sul”.

Paulinho disse que irá “fazer de tudo” para seu partido apoiar a candidatura do petista. O cenário é improvável. Se o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), renunciar ao mandato para disputar o governo, seu vice, José Fortunati (PDT), assume a prefeitura e deve apoiar o colega.

O presidente da Força aproveitou para reproduzir o discurso do medo e levantar a possibilidade de retrocessos, caso a candidata petista ao Planalto, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), não seja eleita. “Por isso nosso partido foi o primeiro a decidir a apoiar desde já uma das pessoas que enfrentou a ditadura, a companheira Dilma Rousseff. Não podemos permitir o retrocesso”, afirmou.

Em entrevista coletiva, Tarso disse que aquele não era o primeiro evento da sua candidatura, “mas o ato final da permanência no ministério”. Disse ainda que a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência não enfraquece a de Dilma.

Tarso afirmou que Ciro é um aliado do governo e que gostaria que ele estivesse no mesmo palanque que Dilma.

(FERNANDO BARROS DE MELLO)