Boa parte dos trabalhadores brasileiros é composta por jovens, que entraram no mercado durante os oito anos de governo Lula e no primeiro de Dilma. Foram períodos de aumento do emprego, ganhos salariais e ampliação de direitos.
Esses jovens trabalhadores estão, pela primeira vez, vivenciando uma crise econômica. Enfrentam, portanto, uma conjuntura que ameaça seus empregos e coloca dúvidas sobre a manutenção de direitos e a continuidade dos ganhos salariais dos anos mais recentes.
Tais trabalhadores, em razão da juventude e escolaridade superior às gerações anteriores, possuem um nível de informação mais alto. Esse fluxo de informações é alimentado, com muita rapidez, pelas redes sociais, que a juventude domina com grande agilidade. E as redes sociais que esclarecem são as mesmas que esparramam confusão.
Eu faço parte de uma geração que viveu várias crises. Por exemplo, vivi sob uma ditadura, que desrespeitava garantias individuais e direitos coletivos. Havia muita carestia, desemprego e uma política oficial de arrocho salarial. O que nos movia, no entanto, era a esperança de dias melhores, com a reconquista da democracia e um novo ciclo de desenvolvimento.
Essa expectativa positiva não existe mais. Hoje, instituições, governos e autoridades vivem uma fase de descrédito. O clima político é de desorientação. E as perspectivas econômicas são pouco animadoras.
O clima negativo, que contamina a base trabalhadora, também afeta as direções sindicais. E nós, que temos funções decomando, precisamos estar atentos e evitar a contaminação. O primeiro a fazer é assegurar a coesão das entidades e as relações com a base. Também nos cabe manter acesa a chama da esperança, lembrando que tudo é cíclico e as crises passam.
Não conheço um só momento da vida moderna brasileira que não tenha contado com a participação ativa do movimento sindical. Não somos nós, sozinhos, que derrotaremos a crise, iluminaremos a cena política e injetaremos esperança no coração das pessoas. Mas faremos a nossa parte, como sempre.
E estamos fazendo. Cito três exemplos recentes. O combate ao projeto que visava liberar a terceirização de tudo; a aprovação da fórmula 85/95, que reduz efeitos negativos do Fator Previdenciário; e a edição do Programa de Proteção ao Emprego, que põe freios nas demissões em massa.
O Brasil vive um período de desaquecimento econômico, desorientação política e desgaste das instituições. São problemas concretos, que precisam ser combatidos, com racionalidade e fé em nossa própria experiência. Não podemos ceder ao abatimento e devemos mobilizar todas as energias no enfrentamento do conservadorismo direitista, que quer resolver a crise gerando exclusão social.
Os jovens, trabalhadores ou estudantes, devem ser informados, ouvidos e orientados, pois eles são os agentes transformadores do presente e os construtores do futuro.
José Pereira dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região.
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