“Vergonha! Essa é a única palavra que serve para resumir a decisão do STF sobre a desaposentação e que acabou enterrando a esperança de milhares de aposentados que continuam na ativa e que esperavam uma correção da distorção que a lei impõe sobre eles. Mas infelizmente, o Supremo resolveu, de novo, se eximir da responsabilidade que lhe cabe, que é a de estabelecer a justiça, e permitiu que esses aposentados continuem sendo roubados na cara dura pelo INSS. Isso mesmo, essa é a palavra para descrever a situação: roubo.
Veja se não é: O cara se aposenta, mas continua trabalhando para complementar sua renda, continua vendo o INSS morder o seu salário da ativa a título de “contribuição”, mas nunca mais vai ver a cor desse dinheiro. Tudo porque não é permitido que ele tenha uma nova aposentadoria com essas contribuições a mais que fez. Ou seja, você rala a vida inteira, se aposenta recebendo uma miséria, volta a trabalhar mais, acordar cedo, ralar e, mesmo assim, depois de tanto esforço, não vai ter nem um centavinho a mais na sua aposentadoria. Mesmo com o Estado metendo a mão grande no seu salário da ativa, você vai ter que ficar quieto e aguentar o prejuízo. Veja se não é a mesma situação de quem é assaltado nas ruas, no comércio ou em casa? O problema é que aqui quem rouba é o Estado, e a Justiça, que deveria impedir isso, ainda faz vistas grossas para esse arbítrio. Quem fica no prejuízo é a população.
Não é preciso dizer que os aposentados não estão reivindicando nenhum novo direito. Apenas querem de volta aquilo que pagaram para ter. Não querem nada de graça, nenhum privilégio. Apenas querem que seja válido o princípio da contrapartida, que é o que deve reger o INSS: Se há contribuição, que se haja a devolução no tempo necessário. A desculpa do rombo da previdência é só mais uma falácia para que se continue cometendo mais esse assalto ao aposentados. Ora, o rombo, se há, não é causado por quem contribui. Se há contribuição, não pode haver rombo. Isso é lógica. O que prejudica a Previdência são os privilégios concedidos a uma parcela da população em detrimento da maioria; são as aposentadorias especiais e outras mordomias para juízes e políticos; são os desvios das verbas da Seguridade Social para pagar juros ao sistema financeiro. Porém, falar nisso é ofensa para esse pessoal.
É contraditório que o governo queira aumentar a idade mínima para a aposentadoria, mas seja contra a desaposentação. Ou seja, o governo quer que as pessoas trabalhem mais, mas que não recebam nada a mais por isso. Parece de acordo com esse pessoal, devemos trabalhar de graça para manter os privilégios deles, uma casta que se acha acima do bem e do mal. Alguma semelhança com o tempo da escravidão??
Nossa luta agora se volta para o Congresso. É ali que vamos ter mirar para tentar aprovar a desaposentação. É fato que a situação fica mais difícil, mas não impossível. Vamos pra luta”
Sérgio Butka
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba