Artigo João Guilherme – 12/01/2015
Provavelmente apenas os serviços de contabilidade das montadoras conhecem, na ponta do lápis, o montante das ajudas financeiras – diretas e indiretas – que receberam dos poderes públicos nos últimos anos.
É certo que elas não foram a fundo perdido porque o setor mereceu e deve continuar merecendo toda a atenção da sociedade pelo seu papel estruturante na produção capitalista no Brasil.
Mas, como sempre acontece, chega o momento em que uma prova de força se engaja entre os interesses egoístas dos proprietários (quase exclusivamente estrangeiros) e os interesses mais amplos do governo, da sociedade e dos trabalhadores.
Esta prova de força está em curso entre a Volkswagen de São Bernardo e os metalúrgicos, provocada pela demissão maciça e intempestiva que os trabalhadores enfrentam com uma greve continuada.
Trata-se, a meu juízo, da primeira escaramuça entre a nova equipe econômica e seu combate ao patrimonialismo e os interesses consolidados das montadoras, acostumadas às medidas que vinham protegendo o setor.
Às primeiras dificuldades assistimos ao perverso recurso de demissões, até mesmo sem os prévios planos de demissão voluntária. Se, durante anos, o setor beneficiou-se das vantagens públicas, é, no mínimo, injusto que frente às dificuldades transfiram-se os problemas para os trabalhadores sob o facão das demissões.
Buscando-se ou não uma solução parcial, provisória, pontual e acessível, buscando-se ou não o estabelecimento de um programa permanente e geral de proteção ao emprego, o movimento sindical unido deve prestar inteira solidariedade ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e aos trabalhadores grevistas.