O que se pode escrever sobre as eleições gerais de domingo passado?
O tudo, complexo, quase se resume no resultado do primeiro turno para as presidenciais, com a vitória da presidente Dilma e o segundo lugar de Aécio Neves, que passam a disputar o segundo turno.
Mas os resultados das eleições podem mostrar mais que isso e da leitura correta do que este “mais” significa pode estar a chave para as vitórias nas urnas no dia 26.
Houve, na massa de 146 milhões de eleitores, abstenções fortes e muito voto nulo; no Rio de Janeiro, por exemplo, este contingente de “não eleitores” ultrapassou as votações de todos os candidatos a governador, exceto o vitorioso.
Aparece, pelos resultados gerais, um Brasil praticamente dividido ao meio, geográfico e socialmente, com uma correlação forte e positiva entre um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixo/bolsa família e votos em Dilma e uma correlação forte e negativa para Aécio. Os votos de Marina não apresentam tais correlações.
Continuo achando que a esfinge a ser decifrada é paulista, ganha de 2,5 a 5 salários mínimos, mora em grandes cidades e tem idade adulta: a chamada classe C, que é também a base sindical.
Dos 32 partidos legais, 28 conseguiram representação na Câmara dos Deputados, mantendo entre si as posições relativas que ocupavam; mas há, inegavalemente, um conservadorismo latente nos resultados. O DIAP confirmou a queda da “bancada sindical” de 83 para 46 deputados com a seguinte composição partidária: PT 29 deputados, PCdoB 4, PSDB 4, PSB 3, PSOL 2, SD 2, PV 1 e PRD 1.
Um último registro. Embora ainda não se tenha feito um balanço definitivo, parece certo que a “taxa de conversão” dos candidatos de origem sindical ou apoiados por sindicatos foi bem baixa com algumas exceções notáveis: Daniel Almeida (PCdoB-BA), Marco Maciel (PT-RS), Chico Alencar (PSOL-RJ), Vicentinho (PT-SP), Paulinho da Força (SD-SP), Ivan Valente (PSOL-SP), reeleitos e Bebeto Galvão (PSB-BA) e Zeca do PT (PT-MS) que são novos eleitos.
Por João Guilherme, consultor sindical