Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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SINDIPA IMPEDE USIMINAS DE CONTINUAR DEMISSÕES


Sindipa coordena manifestações pelo emprego.
Foto: Sérgio Roberto

“A Justiça do Trabalho está vindo ao local do conflito, assim não fica tão afastada da realidade fática. Estamos aqui para harmonizar. O principio é este”.

A declaração é do desembargador Caio Luio Luiz Vieira de Mello, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região de Minas Gerais, que presidiu a audiência de Dissídio Coletivo impetrada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) com pedido de liminar contra as demissões e reintegração dos demitidos.


Audiência no TRT.
Foto: Sérgio Roberto

A Justiça do Trabalho marcou nova audiência para o dia 23 de abril e até lá a Usiminas não poderá demitir mais nenhum trabalhador sem negociar com o Sindicato. Outra decisão tomada foi a revisão da demissão dos trabalhadores “aposentáveis”.

Da audiência participaram ainda o representante do Ministério Público do Trabalho Adolfo Jacob e os representantes da Usiminas, Embasil, ES Serviços, Convaço, Sankyu e EBEC.

De acordo com as informações apuradas durante a audiência, mais de mil trabalhadores foram demitidos desde de janeiro na Usiminas, Usiminas Mecânicas e empreiteiras.


Sindipa coordena manifestações pelo emprego.
Foto: Sérgio Roberto

A superintendente da Usiminas Denise Brum negou as demissões em massa. “São demissões pontuais, em sua maioria de funcionários aposentados ou ´aposentáveis´. Em Ipatinga foram 320 demissões num universo de 9.500 funcionários”, disse ela, negando ainda que não existe nenhuma “situação de não relacionamento entre a Usiminas e o Sindicato.”

O desembargador também ouviu as explicações das empreiteiras sobre as demissões. Todas as empresas alegaram que as demissões são provocadas pelo fim de contratos, o que levou o desembargador a considerar que existe alta rotatividade de mão-de-obra. “Contratam trabalhadores descartáveis”, comentou.

TRABALHADORES

O advogado do Sindipa João Nery Campanário disse que “o dissídio foi instaurado em razão das demissões na Usiminas e prestadoras de serviço sem que houvesse negociação com o Sindicato, que sempre esteve aberto à negociação”.

Ele recorreu ainda ao balanço financeiro da Usiminas para mostrar que as demissões são medidas desnecessárias. “A empresa está bem, conforme seu balanço financeiro, com mensagens alvissareiras, bons resultados e grandes investimentos. Portanto, nada justifica que tenha criado um fato social de ordem extremada, como as demissões, que foram ilegais”, disse Campanário.

Ele lembrou ainda que o abafamento dos altos-fornos da Usina em Ipatinga já estava previsto e só foram antecipados com a crise financeira.


Luiz Carlos Miranda, presidente do Sindipa.
Foto: Sérgio Roberto

O presidente do Sindipa Luiz Carlos Miranda reiterou a defesa do assessor jurídico e disse que as demissões nas empreiteiras também são de responsabilidade da Usiminas e comentou: “Só no ano passado a Usiminas teve a ´bagatela` de R$ 3 bilhões de lucro líquido”.


Clementino Vieira, presidente da CNTM, Rogério Magri e Luiz Carlos Miranda, presidente do Sindipa.
Foto: Sérgio Roberto

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) Clementino Vieira ressaltou que grande parte das demissões não se justificam unicamente com o argumento da crise. Segundo ele, algumas montadoras como as de Curitiba e Gravataí estão contratando profissionais, haja vista a demanda no setor automobilístico. “Ademais, uma empresa que divulga lucro de milhões não tem motivos para demitir”, disse ele.

Conforme o dirigente da CNTM, ao contratar trabalhador a indústria automobilística dá um sinal de que está reagindo. “Se as empresas siderúrgicas, que deveriam ser o porto seguro dos trabalhadores, sequer conversam e dialogam para buscar alternativas, em breve viveremos um caos na cidade. Tomar decisões unilaterais é o caminho do caos, do desespero e do desalento”, concluiu.

USIMINAS

A representante da Usiminas Denise Brum defendeu as medidas e afirmou que elas continuarão sendo tomadas, se for o caso. “Estamos com dois fornos abafados e trabalhando com apenas 50% de nossa capacidade produtiva”, disse a executiva da Usiminas. Indagada pelo desembargador se existe a hipótese de continuar as demissões ela foi taxativa:

– Não descartamos esta hipótese porque não temos pedidos em carteira, os altos-fornos não tem previsão de entrada em operação, as vendas para a indústria automotiva caíram de 7% a 9% e estamos reavaliando o plano de expansão da nova Usina – elencou.

Ela disse que a empresa está observando o cenário econômico e verificando os sinais de melhoria.

Denise Brum salientou ainda que as medidas tomadas pelo governo como a redução do IPI, com o objetivo de diminuir o estoque das montadoras, ainda não teve reflexos na indústria siderúrgica e lembrou que outra expectativa, a venda de aço para a Braspetro destinado à construção de 21 navios, acabou frustrada com a perda da licitação.

Mais informações:
Cristiano Magalhães
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