— Se os indicadores se confirmarem em 2013, os trabalhadores têm elementos para uma negociação positiva na recomposição dos salários e na obtenção de ganhos reais — diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, lembrando que em 2012 nenhum trabalhador teve reajuste real abaixo da inflação.
Apesar de um cenário melhor, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical — que representa 12 milhões de trabalhadores — espera grandes embates nas campanhas salariais, especialmente em questões polêmicas como redução de jornada de trabalho, fim do fator previdenciário e melhorias nas condições de trabalho.
— São pontos que unem todas as centrais sindicais. Acabado o carnaval, vamos botar o bloco dos trabalhadores nas ruas — disse o sindicalista, que dirige a Confederação dos Metalúrgicos do estado de São Paulo.
Torres acrescentou que 2012 foi “dedicado” aos empresários, que receberam do governo uma série de benefícios e incentivos fiscais para manter a produção e os empregos:
— Agora, chegou nossa vez. Em 2013, vamos exigir uma contrapartida dessas isenções para a classe trabalhadora.
Acordos mais longos
Além dos benefícios concedidos aos empresários, Vagner Freitas, presidente da CUT, lembrou que o fraco desempenho do PIB em 2012 (em torno de 1%) não impediu que alguns setores tivessem crescimento.
— O fortalecimento do mercado interno tem que ser acoplado à melhoria dos salários dos empregados e à garantia no emprego. São eles, os trabalhadores, que vão construir esse mercado interno forte de que o país precisa para continuar crescendo — afirmou Freitas.
No ABC paulista, com o fim do acordo com algumas montadoras que vigorou por 2011 e 2012, os salários voltarão a ser negociados. Com pouco mais de 104 mil trabalhadores e data-base em setembro, a ideia, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, é dar continuidade a acordos salariais mais longos, como nos dois últimos anos, período em que os metalúrgicos não deixaram de reivindicar melhores condições de trabalho, qualificação profissional e participação nos lucros e resultados (PLR) com prazo e valores mais elásticos. Marques citou como exemplo a negociação com a Volkswagen, válida até 2017, e que prevê reajuste da inflação anual, aumento real de 2,5% e PLR de R$ 12,5 mil.
— Queremos acordos mais longos. Isso dá segurança para as duas partes — disse Marques. — E 2013 será mais favorável na qualidade do crescimento, e o trabalhador terá melhores condições para negociar.
Segundo Marques, é preciso ficar atento para dificuldades que possam surgir, como aprofundamento da crise na Europa e redução no crescimento chinês, que, se ocorrerem, afetarão negativamente os segmentos industriais. No caso de repetição do desempenho econômico de 2012, o presidente da CUT prevê negociações mais longas, enfrentamentos e greves.
Na avaliação de empresários, a luta por aumentos reais maiores este ano chega em um momento em que as empresas não deram sinais de retomada mais forte na produção e vendas, apesar dos incentivos do governo. Mesmo com as dificuldades de 2012, alegam que 98% dos trabalhadores da indústria e do comércio tiveram reajustes acima da inflação. Na indústria, o ganho real entre 2% e 3% atingiu 37% dos reajustes do setor. No comércio, 37% tiveram aumento na mesma faixa.
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No Comperj, a briga por reajuste maior começou antes mesmo