Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Sindicatos protestam na Espanha contra reformas na previdência

José Luiz Rodrígues Zapatero (arquivo)
Zapatero enfrentará pela primeira vez manifestação contra suas propostas


As principais cidades da Espanha devem ter grandes manifestações a partir desta terça-feira contra uma série de reformas na previdência propostas pelo governo do primeiro-ministro José Luiz Rodríguez Zapatero.

Milhares de pessoas devem ir às ruas de Madri, Barcelona e Valência em manifestações convocadas por centrais sindicais como a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Comisiones Obreras, entre outras.

Na quarta-feira, mais cidades espanholas vão parar com milhares de manifestantes nas ruas de Oviedo, La Rioja e Ceuta. Na quinta, os protestos deverão chegar a mais cidades da região da Andaluzia e, no resto da semana, as manifestações deverão atingir também Palma de Mallorca e Bilbao.

Esta é a primeira vez que o governo do primeiro-ministro Zapatero enfrenta manifestações das centrais sindicais, que esperam reunir centenas de milhares de pessoas.

O jornal El País, em artigo publicado durante o fim de semana, afirma que “o namoro acabou”, lembrando que outras manifestações contra o governo já foram realizadas, mas acrescentando que antes elas eram contra a crise econômica.

De acordo com o jornal, as manifestações desta semana serão contra algo mais concreto: a proposta de reforma na previdência social feita por Zapatero, que, entre outras coisas, pretende mudar a idade mínima de aposentadoria dos atuais 65 anos para 67 anos, para tentar garantir a estabilidade da previdência espanhola no longo prazo.

Desemprego

A economia da Espanha ainda está passando por dificuldades e, com isso, a popularidade do governo socialista de Zapatero caiu.

O pais enfrenta altas taxas de desemprego – no final de janeiro, o governo anunciou que o índice de trabalhadores sem emprego chegou a 18,83% da população ativa em 2009, o registro mais alto desde 1998.

Em números absolutos, isso representa cerca de 4,3 milhões de trabalhadores na rua – o pior índice já registrado desde que as autoridades começaram a compilar dados sobre o assunto.

Recentemente, dados de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontaram que a Espanha será a única nação do G20 que permanecerá em recessão em 2010.

As estimativas do FMI são de retração do PIB espanhol de 0,6% neste ano e de crescimento de 0,9% para 2011.

No último trimestre do ano passado, a economia espanhola encolheu 0,1%. O Instituto Nacional de Estatísticas afirmou que o PIB do país sofreu uma contração de 3,1% em 2009, em comparação ao ano anterior.

Em meio à crise, o governo espanhol anunciou um pacote de medidas de austeridade que visa cortar 50 bilhões de euros dos gastos públicos e prevê a paralisação das contratações no setor público.

Os sindicatos do país insistem que o governo deveria se concentrar na criação de empregos de qualidade, aumentando a empregabilidade e os salários das mulheres.

De acordo com o El País, as manifestações que devem ocorrer na Espanha a partir desta terça-feira deverão ser um teste para os sindicatos, que – pela primeira vez – enfrentarão Zapatero e terão que verificar se contarão com o apoio dos espanhóis em manifestações mais contundentes caso o governo realmente aprove a reforma da previdência.

Os protestos também serão um teste para Zapatero medir a insatisfação da população espanhola, que deve voltar às urnas para as próximas eleições em 2012.