Fontes: Força Sindical e Diário de S.Paulo
Lideranças sindicais pretendem aproveitar os protestos que tomaram conta do país nos últimos dias para mobilizar os trabalhadores na briga por aumentos reais (acima da inflação) de salários.
Especialistas, no entanto, afirmam que os reajustes acima da inflação tendem a ficar mais raros nos contracheques devido à pressão nos preços, à economia fraca e ao mercado de trabalho dando sinais de piora.
“No ano passado, os trabalhadores conseguiram a inflação e mais alguma coisa. Neste ano, esta ‘mais alguma coisa’ não será muito boa”, avalia Fernando Holanda, economista e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Justamente porque a inflação está pesando e já corroeu parte dos ganhos do ano passado, bancários, metalúrgicos e petroleiros dizem que não vão abrir mão de reajustes superiores à inflação.
Mobilização / Os sindicalistas falam em fazer campanha conjunta, já que todos têm data-base em 1 de setembro. Na outra ponta, em um cenário de consumo retraído, as empresas têm dificuldade de repassar a alta de custo aos preços e relutam em reajustar salários.
“Os índices de ganho real já estão menores do que em 2012 e os 2% de aumento efetivo conquistados pelos metalúrgicos no ano passado já foram comidos pela inflação. Se não vier pelo amor, virá pela dor”, afirma Miguel Torres, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos). Ligada à Força Sindical, a entidade representa 1,2 milhão de trabalhadores do país.
Para o sindicalista, o clima de insatisfação deve servir de combustível para as paralisações: “Se não atenderem às reivindicações, faremos greve. Sem aumento real, vamos parar as fábricas”.
Balanço preliminar do Dieese com base nas negociações do primeiro trimestre mostra sinais de piora: 8,6% dos trabalhadores tiveram perda salarial real, ou seja, não conseguiram repor a inflação, contra apenas 1% no ano passado. Já 86% das categorias conseguiram aumento acima da inflação, com ganho real médio de 1,4%.
Em 2012, ano considerado excepcional para os salários, 95% dos mais de 700 acordos analisados superaram o INPC (índice que baliza as negociações), com ganho médio de 1,96%.