Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicatos e empresários criticam falta de ousadia

 

Para trabalhadores e empresas, crise mundial demanda corte maior da Selic

 

Após anúncio da decisão do Copom, bancos divulgaram redução das taxas de juros praticadas em algumas modalidades de crédito

 

DA REPORTAGEM LOCAL

 

Trabalhadores e empresários criticaram a decisão do Copom de cortar os juros, dizendo que a redução é tardia e demasiadamente tímida.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústria do Estado de São Paulo), reclamou da desaceleração no ritmo de corte da taxa. “A diminuição de juros leva seis meses para fazer efeito. Se tivéssemos baixado os juros em outubro do ano passado, agora, em abril, estaríamos sentindo seus reflexos. Essa demora contribuiu para quedas drásticas do PIB [Produto Interno Bruto] e do emprego”, disse.

Para Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a diminuição ficou “aquém das expectativas”.

“O atual ciclo recessivo da economia exige um corte mais substancial da Selic, mesmo porque a inflação se encontra em trajetória decadente”, disse. “Os indicadores dos últimos meses mostram que a crise financeira ainda está longe de uma solução.”

A Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) avalia que o BC poderia ter cortado a taxa em dois pontos percentuais. “Em razão do agravamento da crise, o Copom deveria ter sido mais ousado. O Brasil ainda continua com uma das taxas de juros mais altas do mundo. Comemorar que a Selic caiu de 11,25% para 10,25% parece ser resignação demais”, afirmou Abram Szajman, presidente da entidade.

A Força Sindical pediu uma “queda drástica dos juros. “Um pouco mais de ousadia traria enormes benefícios para o setor produtivo, que gera emprego e renda e anseia há tempos pelo crescimento expressivo da economia”, disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da central.

O mercado financeiro aprovou o tamanho da redução, no entanto. “A manutenção do ritmo da redução, a exemplo do que já aconteceu na reunião passada, foi apropriada”, defendeu Walter Machado de Barros, presidente do conselho de administração do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças).

Na sua opinião, um aumento do ritmo de redução seria exagerado porque já são observados sinais de retomada no consumo devido às medidas de estímulo tomadas pelo governo, como a diminuição dos impostos sobre produtos industrializados, como automóveis e eletrodomésticos.

Acompanhando a redução oficial, vários bancos já anunciaram a redução das suas taxas nos empréstimos para pessoa física e jurídica.