Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicatos alemães exigem agora mais salário, e não estabilidade

Valor Econômico

Quentin Peel e Ralph Atkins, Financial Times, de Berlim e Frankfurt

Os principais sindicatos alemães preparam-se para aumentar suas exigências salariais nos próximos meses, em meio às evidências de maior crescimento no país.

Após o índice de encomendas industriais divulgado na sexta-feira pelo Ministério da Economia ter mostrado aumento de 3,2% em junho, bem acima das expectativas, o IG Metall, sindicato dos metalúrgicos, com 2,3 milhões de integrantes, sinalizou que mudará sua estratégia salarial para a próxima rodada de negociações salariais.

Berthold Huber, líder do sindicato, disse que as negociações para 110 mil trabalhadores de siderúrgicas, cujo início está marcado para 27 de agosto, vão se centrar em discutir aumentos salariais e a redução da terceirização, em vez de em garantia de emprego.

O sindicato, que normalmente determina a tendência das outras negociações, acertou acordo salarial de dois anos para o setor de máquinas de construção em fevereiro, incluindo um ano de congelamento de salários e aumento de 2,7% em janeiro, em troca da garantia de emprego.

A mudança na estratégia do sindicato reflete-se em todos os segmentos dos setores de indústria e serviços no país. O líder do NGG, sindicato do setor de alimentos, Franz-Josef Möllenberg, afirmou ter apresentado pedido de aumento de 5% para os trabalhadores do setor de tabaco, reivindicação que ele espera servir de referência para os segmentos de cerveja e outras bebidas. Sindicatos dos trabalhadores da construção civil e do setor químico comunicaram que também esperam enfatizar reajustes nos salários em vez de segurança no emprego.

“Nesta que é a primeira rodada de negociação salarial depois da crise, queremos nos certificar que os funcionários recebam o que lhes corresponde na recuperação”, afirmou Huber. Para o sindicalista, aumentos maiores nos salários são necessários para estimular a demanda doméstica.

Sua posição respalda a de Peter Bofinger, membro da comissão de especialistas econômicos que assessora o governo alemão. Ele defende aumentos de pelo menos 3% para sustentar uma recuperação econômica generalizada.

A melhora nos números dos pedidos industriais na Alemanha ressalta a importância das exportações, especialmente para a China, na recuperação. Os dados, no entanto, também indicaram aumento na demanda por produtos alemães na zona do euro, onde houve crescimento de 11,3% em relação a junho.

O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, a ser anunciado nesta semana, poderia mostrar expansão de 1,5% em relação aos três meses anteriores, o que seria um dos melhores desempenhos do país desde a reunificação em 1990 – embora a base de comparação tenha sido um trimestre fraco. Como grande exportadora, a Alemanha foi duramente atingida pela desaceleração global de 2009, quando o PIB se retraiu quase 5%.

Para o Ministério da Economia, os dados mostram que a recuperação está bem encaminhada, embora tenha ressaltado que os números de junho foram beneficiados por um volume de grandes encomendas acima da média.

Empregadores alemães reagiram enfaticamente à defesa de aumentos salariais, alertando para o fato de a recuperação ainda não ter se mostrado sustentável.

“A crise ainda não acabou”, disse Dieter Hundt, presidente da BDA, uma associação de empregadores na Alemanha. “Apenas em 2012 voltaremos ao ponto em que estávamos antes da quebra do Lehman Brothers, na melhor hipótese.”

A maioria dos economistas acredita que o crescimento terá desaceleração nos próximos trimestres, embora a previsão do mercado para todo o ano seja de expansão de 2%.