Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicato já fecha acordo para reduzir salário

Metalúrgicos de Osasco concordaram em diminuir jornada e ganhar menos. Volks também negocia flexibilização

Geralda Doca, Henrique Gomes Batista e Ronaldo D´Ercole
BRASÍLIA e SÃO PAULO.

Com os efeitos da crise cada vez mais evidentes no setor produtivo, empresários e trabalhadores começam a fechar os primeiros acordos
para flexibilizar direitos trabalhistas, dentro das possibilidades já permitidas por lei. O Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SP), ligado à Força Sindical, concordou com a redução da jornada de trabalho e dos salários, e a compensação, gratuita, das horas paradas por férias coletivas. A decisão afeta 650 empregados de duas fábricas.

O vice-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Nildo Mansini, afirmou ao GLOBO que está negociando com as principais centrais sindicais (Força e CUT) a formalização de um “acordão” para ampliar alternativas à demissão de trabalhadores. Entre elas, a suspensão temporária do contrato de trabalho, em que o trabalhador passa a receber apenas parte do salário.

Para preservar empregos, a AçoTécnica S.A. reduzirá a jornada de seus 300 funcionários, com a diminuição dos salários de até 16% entre dezembro e fevereiro. Já a Belgo Bekaert Arames Ltda. criou um “banco de horas negativo”: os 350 empregados ficarão em casa e pagarão as horas devidas quando a produção for reativada. O acordo evitou 20 demissões.

O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, disse que, devido à brusca freada nas vendas, a empresa negocia com os sindicatos uma “maior flexibilidade nas fábricas.” A idéia é uma jornada menor, de 38 horas semanais em vez de 42 horas, por exemplo, com pagamento somente das horas trabalhadas.

Segundo Schmall, a maior resistência é do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (PR), ao qual são filiados os empregados da fábrica de São José dos Pinhais. Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, opõe-se à redução do salário.

– Sem flexibilidade, vai sobrar mão-de-obra – afirmou Schmall.

Ao menos oito empresas negociam flexibilização O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, Jorge Nazareno, disse que a redução de jornada, com diminuição de salário, é uma saída extrema.

– No caso de redução de salário, sempre procuramos preservar o piso da categoria – disse Nazareno, que tentava ontem, no fim da tarde, uma saída para a demissão de 1.500 trabalhadores de Ortolândia, Osasco e Cruzeiro.

Mansini disse que ao menos oito empresas de São Paulo estão negociando nesse sentido.

Para ele, a assinatura de um acordo entre Fiesp e as maiores centrais poderá estimular a adoção de alternativas em todo o país. O acordo seria facultativo.

Mansini disse já ter se reunido duas vezes com os presidentes da Força Sindical (Paulo Pereira da Silva, o Paulinho) e da CUT (Artur Henrique), o que é confirmado pelo presidente da Força.

Uma proposta já teria sido apresentada a Lula num jantar no fim de novembro. Na ocasião, Lula teria indicado disposição de discutir o assunto só em janeiro. O argumento é que um acordo desses poderia frustrar a estratégia do governo de estimular o consumo neste fim de ano e o investimento.

Mas os sindicalistas continuam firmes na decisão de não abrir mão de direitos como o décimo terceiro salário.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, defendeu o aumento dos prazos de suspensão de contrato de trabalho, sem ônus para o empregador.

– Todos sabem que a lei no Brasil é muito rígido