Altamiro Silva Junior, Francisco Carlos e Assis e Thaís Barcellos, Broadcast
09 Março 2017
SÃO PAULO – O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, afirmou que não é contra a reforma da Previdência, mas não pode aceitar a velocidade que estão impondo à discussão das mudanças na aposentadoria e também na reforma trabalhista.
“Somos os maiores interessados em que a previdência não quebre, mas não podemos admitir esse ritmo alucinante dessa reforma que está em curso. Por que não alongar esse debate por um ano? Teria pouco impacto”, segundo ele.
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Torres disse que o maior tempo de discussão é necessário para que se tenha maior transparência. Ele argumentou que a isenção do agronegócio e também as desonerações, por exemplo, são um grande problema. Segundo o sindicalista, embora saiba que somente isso não vai resolver a questão do déficit da Previdência, considerou que é uma parte do problema que deve ser absorvida na discussão.
“O trabalhador não deixa de pagar a previdência. Queremos primeiro que se faça essa lição de casa de cobrar de quem está devendo, além de incluir os empresários do agronegócio e acabar com as desonerações”, disse. Ele também negou que o único fator que aumenta o serviço da dívida brasileira seja a Previdência. “Há outras coisas a se considerar.”
Torres também afirmou que a reforma não será para todos. “Se começa a falar que é reforma única, mas não é”, disse. Segundo o sindicalista, os militares fizeram pressão para não serem atingidos pelas regras que adiam as aposentadorias e outros privilégios não foram enfrentados na proposta encaminhada ao Congresso. “Vemos também os interesses da previdência privada”, comentou.
O diretor-executivo da FenaSaúde, José Cechin, ex-ministro da Previdência Social, respondeu que é falso dizer que proposta de emenda constitucional foi feita para incentivar a previdência privada. Ele assinalou que o que incentiva esse tipo de previdência é a alteração do teto do beneficio do INSS.
As declarações foram dadas durante o Fóruns Estadão que tratou da reforma da Previdência nesta quinta-feira, 9.
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,sindicato-dos-metalurgicos-critica-velocidade-da-reforma-da-previdencia,70001693223