Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicato admite possibilidade de demissão de temporários da GM


 

Michele Loureiro

Do Diário do Grande ABC

Depois da declaração do vice-presidente da GM (General Motors), José Carlos Pinheiro Neto, de que no final deste mês os 1.633 funcionários temporários licenciados na semana passada seriam demitidos, o clima de tensão se espalhou pela fábrica de São Caetano.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, afirmou que o vice-presidente se antecipou em sua declaração. “Ele jogou lenha na fogueira. Não deveria ter dito isso, afinal as negociações estão em andamento. Uma fala como esta causa impacto na vida do trabalhador”, afirmou.

Cidão ponderou que os trabalhadores devem estar preparados para o desfecho das negociações. “Não é preciso ter medo, mas há motivo para insegurança. Afinal de contas a situação não é fácil, estamos trabalhando e fazendo de tudo para que não haja demissões, mas nunca se sabe”, alertou o sindicalista.

A fala polêmica do vice-presidente, que antecipou as negociações com o sindicato, aconteceu no sábado, em entrevista ao apresentador João Dória Jr., na TV Bandeirantes. O executivo afirmou que os contratos não vão ser renovados em decorrência da queda na produção de veículos no País.

“A princípio, a palavra demissão está fora do nosso vocabulário. Temos que encontrar soluções positivas para estes trabalhadores”, destacou Cícero Marques da Costa, secretário do sindicato.

Para driblar a queda na produção de veículos, os funcionários estão em licença remunerada desde o dia 19, mas as incertezas incomodam os trabalhadores. “Por mais que o pensamento seja positivo, estou com medo”, desabafou Marcelo dos Santos, 28, um dos funcionários contratados em regime temporário. “Acho difícil que todos os contratos sejam renovados, mas a esperança é que pelo menos alguns profissionais sejam remanejados”, comentou o operador de produção, que confia na melhora da situação depois de março, quando voltam a ser fabricados os modelos Vectra e Astra na fábrica de São Caetano.

Cristiano Nepomuceno da Silveira, 44, que também está na lista dos temporários, se diz ansioso pela resposta definitiva. “Pretendo começar minha faculdade neste ano, mas por enquanto dependo do parecer final. Tenho esperança que dará tudo certo”, afirmou o morador de Santo André.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano promete radicalizar caso haja demissões. “Foi decidido em assembleia, no último domingo, que vamos apertar a empresa. Faremos o pedido de prorrogação dos contratos nesta quarta-feira, a partir das 10h. Conforme as respostas, daremos andamento a uma série de ações radicais. É difícil, mas o trabalhador precisa acreditar”, enfatizou o presidente.

Procurada pela reportagem. a GM não se pronunciou.