Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Sindicalistas de todo o Brasil contra o turno fixo

Sindicalistas de todo o país assinaram no Sindipa um termo de compromisso contra o avanço do turno fixo no País.

Poliana Goveia


Movimento sindical unido contra o turno fixo

Sindicatos de trabalhadores siderúrgicos e metalúrgicos de todo o Brasil se comprometeram a lutar contra o avanço do turno fixo no país. O acordo foi fechado no último dia 10 de setembro, durante encontro nacional de sindicatos da classe realizado na sede do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa), filiado à CNTM e à Força Sindical.

Estiveram presentes representantes do Sindipa, dos sindicatos dos trabalhadores metalúrgicos de Timóteo, Volta Redonda, Ouro Branco, Congonhas, Barão de Cocais, Sete Lagoas, João Monlevade, Betim, Coronel Fabriciano, Belo Horizonte, Contagem, Santos e Cubatão, do Espírito Santo, Goiás, Piracicaba, São Paulo, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM/Cut e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM/Força Sindical, e sindicatos dos ferroviários de Minias e Espírito Santo.

Os sindicalistas assinaram documento se comprometendo:

1º –
“a lutar contra a implantação do turno fixo, com jornada de trabalho de oito horas e a jornada de 12 horas para o turno ininterrupto de revezamento contínuo”.

2º – “a defender, intransigentemente, a implantação da jornada constitucional de seis horas, para o turno ininterrupto de revezamento, nas empresas que têm atividades contínuas”.

Além disso, os sindicalistas têm, a partir de agora, agenda nacional para ampliar sua investida contra o avanço do turno fixo no país. Já foi marcada as primeiras reuniões de um Fórum Permanente para os dias 8 e 9 de outubro, em Brasília-DF, e ficou decidido que será apresentado aos poderes judiciários a situação em que se encontram os trabalhadores da categoria.

Daniel Cardoso

Luiz Carlos Miranda

No encontro, o presidente do Sindipa, Luiz Carlos Miranda, reiterou que o sindicato é contra a implantação do turno fixo (com horários das 23h às 7h, 7 às 15h e 15h às 23h) pela Usiminas.

A empresa projeta adotar o novo horário a partir do dia 1º de outubro, em substituição à escala de revezamento de turno de seis horas. A discussão em relação ao turno fixo ganhou contornos nacionais especialmente porque, no mês passado, a Vale conquistou junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) o direito de manter o horário.

Sindicatos ligados tanto à Força Sindical como à Central Única dos Trabalhadores (CUT) enviaram representantes ontem a Ipatinga.

Pela Força Sindical e CNTM participaram o ex-ministro do Trabalho Antônio Rogério Magri, o presidente do Sindipa, Luiz Carlos Miranda, e o Secretário de Relações Sindicais da CNTM, Geraldino dos Santos.

Luiz Carlos declara: “Esta mobilização começa em Ipatinga, mas terá continuidade em todo o Brasil, pois a qualidade de vida dos trabalhadores está em risco”.

Magri também é contra a implantação do turno fixo. Segundo ele, este horário aumenta a jornada de trabalho sem uma recompensa financeira.

Poliana Goveia

Rogério Magri

 “O turno fixo não atende os interesses dos trabalhadores, porque na hora em que você luta pela redução de jornada de 44 para 40 horas, faz-se uma discussão do turno fixo, que sai de 36 para 41 ou 42 horas. O trabalhador que trabalha de turno fixo de fato perde a sua vida social. Então, há uma discussão enorme e demandas jurídicas nas esferas do TST”, pontua Magri.

Jaélcio Santana

Geraldino dos Santos

Geraldino dos Santos afirmou que “este fórum de discussão irá aumentar nossa força”, ressaltando ainda que a bandeira é pela jornada de seis horas

Batalha jurídica

No entendimento de Antônio Rogério Magri, a vitória da Vale no TST só não irá criar um efeito cascata em siderúrgicas brasileiras, em se tratando de implantação do turno fixo, se sindicatos e trabalhadores se mobilizarem. Na opinião do ex-ministro, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisa se aproximar dos trabalhadores metalúrgicos para conhecer, de fato, a realidade cruel do turno fixo.

“Nós acreditamos que essa demanda jurídica (referindo-se ao caso da Vale) vai cair em outras demandas por parte dos sindicatos, que não vão ficar quietos. É preciso também envolver a própria Justiça, porque os ministros do STF não têm essa sensibilidade. Eles não sabem o que é o turno fixo realmente. Seria muito bom buscar esses ministros para conversar com os trabalhadores e analisar isso de perto”, sugere Antônio Magri.

Esforços

O presidente do Sindipa, Luiz Carlos Miranda, enfatiza que o sindicato não pode impedir a implantação do turno fixo pela Usiminas, mas afirma que os esforços para barrar essa mudança continuam. “Nosso acordo com a Usiminas para a manutenção do atual horário vai até agosto de 2009, mas a empresa quer implantar o turno fixo agora. O sindicato não aceita. Inclusive, em consulta feita aos trabalhadores, houve 85% de rejeição a esse horário. Creio que a agenda nacional definida aqui hoje (ontem), com vários sindicalistas no Brasil, vai pautar e fortificar nossa luta pela abolição do turno fixo, que prejudica sensivelmente a saúde e a vida social do trabalhador”, conclui Luiz Carlos Miranda.

Experiência de Volta Redonda entra na pauta de Ipatinga

Sindicalistas de todo o Brasil relataram, ontem, durante o encontro no Sindipa, suas experiências em relação à batalha contra a implantação de horários que forçam os trabalhadores a cumprirem mais de 36 horas semanais. Entre eles, Renato Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Região Sul Fluminense (Sindmetal), em Volta Redonda (RJ). Na região, onde está instalada a siderúrgica CSN, o objetivo do sindicato foi implantar o turno de revezamento de seis horas.

“Foi uma batalha muito demorada com a CSN. No turno de oito horas o trabalhador tem direito a uma hora de descanso, mas a empresa só concedia meia. Entramos na Justiça e a empresa foi obrigada a adotar uma hora. Com isso conseguimos chegar ao turno de revezamento de seis horas, que já completou um mês na CSN”, destaca Renato Soares, que critica os prejuízos do turno fixo ao trabalhador.

“Neste horário, quem trabalha só à noite ganha um pouco mais, mas sua saúde fica prejudicada. E infelizmente a Justiça só tem ouvido o lado do empresário. Quem trabalha de madrugada é só morcego. Vamos reunir os sindicatos, assim como estamos fazendo aqui em Ipatinga, para ver se conseguimos impedir esse avanço dos empresários em cima dos trabalhadores”, afirma o sindicalista.

Anastasia e Lupi na reinauguração do Sine

O vice-governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia (PSDB), confirmou presença na inauguração das novas instalações do Sine/Sindipa, nesta quinta-feira, a partir das 19h. Segundo o presidente do Sindipa, Luiz Carlos Miranda, também é aguardada a presença do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O subsecretário de Trabalho, Emprego e Renda do Estado, Antônio Amábile, e o presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, além de deputados e outras autoridades, também já confirmaram presença.

De acordo com Luiz Carlos Miranda, no primeiro semestre de 2008 o Sine/Sindipa encaminhou cerca de 3 mil pessoas ao mercado de trabalho. O órgão é mantido por meio de parcerias com os governos estadual e federal.

Reportagem de Bruno Jackson – Diário do Aço

Com informações extras de Poliana Goveia de Albuquerque (Assessoria de Imprensa do Sindipa) e Val Gomes (Assessoria de Comunicação CNTM)