“O ano de 2010 deixará para a sociedade brasileira um saldo positivo em se tratando de crescimento econômico, geração de empregos e distribuição de renda. Não a distribuição de renda que desejamos, mas a possível. Para os trabalhadores, 2010 foi um ano de muita luta, o que contrariou alguns prognósticos de que sendo um ano de crescimento da produção haveria facilidade para se negociar bons acordos salariais.
Se conseguimos bons acordos isto se deveu a luta ferrenha que travamos para levar os patrões a atender as reivindicações que lhes foram apresentadas. E isto não foi nada fácil já que as empresas, no afã de aumentar cada vez mais os lucros, acabaram por transformar a sua tradicional intransigência em pura arrogância. Em se tratando de montadoras de veículos as negociações foram empurradas para meados de setembro quando o ideal era encerrá-las ainda em agosto. Os 9% aplicados aos salários representou, portanto, uma importante conquista, uma vez que o aumento real de 4,52% embutido neste valor e que recupera parte do poder de compra do salários, superou pela primeira vez em nossa história o índice inflacionário até então acumulado que foi de 4,29% .
Além disso, foi um ano no qual o sindicalismo brasileiro demonstrou de diversas maneiras o seu protagonismo, seja lutando por redução da jornada de trabalho, a fim de melhorar as condições de trabalho e gerar mais empregos, ou então ao propor uma agenda para o país por ocasião da Conferência Nacional dos Trabalhadores realizada em junho, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. A pauta discutida e aprovada foi encaminhada aos candidatos à presidência da República como contribuição dos trabalhadores para o desenvolvimento nacional com justiça social. Enfim, a luta sindical mostra a sua importância no cenário nacional, como também no dia a dia da categoria profissional que cada entidade representa.
No caso de São Caetano do Sul não descuidamos das questões gerais (estivemos presentes em todas as grandes lutas de massa pelo Brasil), e tampouco das empresas da base metalúrgica nas quais os intensos ritmos de produção vêm gerando uma sobrecarga de trabalho que põe em risco a saúde e integridade física dos seus empregados. Contra isto temos lutado e continuaremos a lutar no sentido de reverter esta situação. A começar pela defesa da contratação imediata de mais trabalhadores, além de outras medidas que possibilitem a melhoria das atuais condições de trabalho.
O fato de termos disposição para dialogar com patrões e governos não impede a realização de ações mais contundentes quando a negociação não surte o efeito desejado. Assim tem sido feito e pretendendo continuar agindo desta forma por entendermos que o sindicalismo joga um papel fundamental na vida dos trabalhadores e do país como instrumento primordial na luta pela distribuição da renda e o fortalecimento do mercado interno que neste momento passa pela redução da taxa de juros e a reformas que levem à ampliação do consumo e à inclusão social. Até para compensar os efeitos deletérios da crise financeira americana e européia que estão a produzir redução das exportações brasileiras e a comprometer seriamente o desenvolvimento nacional.
As mudanças que o Brasil necessita para aprofundar e avançar no seu desenvolvimento como nação soberana e justa socialmente dependerá em grande medida de instituições representativas fortes e capazes de lutar tendo em vista assegurar ao nosso povo um futuro com dignidade”.
Por Aparecido Inácio da Silva
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul/SP e advogado
Texto enviado por Zé Raimundo
Assessor de Imprensa