Juliana Barbosa
O modelo de sindicalismo de Catalão e do Brasil foi adotado pela UAW para ser implantado lá, pois apesar de todas as dificuldades encontradas as conquistas são inevitáveis. Os problemas enfrentados pelos trabalhadores no Michigan são muito parecidos com os dos brasileiros, porém, sem leis trabalhistas, os americanos encontram mais barreiras para lutarem pelos seus direitos.
Segundo Rafael Guerra, no sul dos Estados Unidos a população é muito pobre e as montadoras e grandes empresas se aproveitam disso para explorá-los. No caso da Nissan, a empresa se mostra ao trabalhador como a melhor empresa para se trabalhar. Não permite que a classe trabalhadora lute por melhor qualidade de trabalho e salários. São coagidos e pressionados quando demonstram interesse em apoiar o sindicato.
Nos Estados Unidos cada estado tem suas leis, mas não existe uma lei trabalhista como no Brasil. “Na Nissan metade dos trabalhadores é terceirizado ou temporário. Eles não têm segurança e por isso moram em barracas ou trailers com suas famílias. Só têm direito de tirar dez dias de férias não remuneradas e não recebem o 13°”, aponta Rafael.
De acordo com Rafael, a forma legal para a criação do sindicato é o que dificulta a representação sindical. O voto é aberto e por isso os trabalhadores temem ser demitidos quando a empresa descobrir seu posicionamento. “Somos a favor da Nissan e também do sindicato. Queremos lutar por melhorias para o trabalhador. A nossa realidade é: menos de 7% são sindicalizados”, afirma.
Hoje existe uma campanha de conscientização no Mississipi, e políticos e associações norte-americanas já apoiam a causa. Agora a missão da UAW é divulgar no Brasil essa crise sindical e conseguir parcerias para consolidar o movimento sindical em Detroit. Ainda este mês, uma comitiva de sindicalistas brasileiros deve visitar a UAW, entre eles o presidente do SIMECAT, Carlos Albino. “Eles precisam ver com os próprios olhos a nossa situação. Os trabalhadores de lá se sentem tocados com essa ajuda internacional”, ressalta Rafael.
Para Carlos Albino, a troca de experiências é válida para todos. “Estou contente por ter a chance de visitar os trabalhadores nos Estados Unidos e levar esperança para cada um. A gente também enfrentou dificuldades, mas hoje o trabalhador aqui já tem muitas melhorias e benefícios e eles também podem ter”, diz.
Por Juliana Barbosa
Assessoria de Imprensa SIMECAT
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