A crise desencadeada no setor petróleo e gás em função do escândalo da Petrobras atinge em cheio o emprego na região do Norte Fluminense. A supressão de contratos com empresas prestadoras de serviços em Macaé e o cancelamento de contratos com o consórcio Integra (Mendes Junior e OSX) no Porto do Açú resulta em milhares de demissões que atingem muitas famílias em Campos, tendo e em vista que parte expressiva dos demitidos são de Campos e cidades do entorno, inclusive de cidades da região Noroeste, como Itaperuna.
O estaleiro emperrado da OSX no Açu ocupa parte da área de mais de 80 mil Km² (quase do tamanho de Vitória, capital capixaba), que foi desapropriada pelo governo do Estado do Rio, num massacre social às famílias de pequenos produtores rurais, expulsos por seguranças da empresa, com chancela da Companhia Estadual do Desenvolvimento Industrial (Codin), que teima em não pagar pelas desapropriações.
Os contratos de construção de módulos e de integração dos FPSOs P-67 e P-70, unidades replicantes para o pré-sal que seriam construídos no estaleiro a OSX, através do Consórcio Integra, foi cedido para o Grupo chinês, China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC), e as construções serão executadas em estaleiros do exterior, levando para lá os importantes empregos e as divisas que seriam geradas com ISS e o ICMS, em função do transporte de insumos para as obras.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Norte Fluminense, João Paulo Cunha, informa que as obras de integração dos módulos da P-67 e da P-70 vinham sendo realizadas no estaleiro da OSX, no Porto do Açu, mas o processo de recuperação da OSX e a situação financeira da Petrobras, aliado à proposta mais conveniente dos chineses, pelo ponto de vista do custo da mão de obra mais barata, contribuíram para a guinada na mudança de rumo, que retirou a execução de ambos projetos do Açú.
“Vivenciamos um sucateamento do setor metalúrgico no Norte Fluminense, com perdas de empregos em Macaé, em Quissamã, em Campos e em São João da Barra. O setor empregava até o ano passado pelo menos 5 mil metalúrgicos, mas as demissões em massa está desmontando o setor”, lamenta João Paulo Cunha que já mobilizou a categoria em protesto pela defesa do emprego pela BR-101 no final de agosto, e anuncia outra medida.
“Na tentativa de frear essa derrocada nas empresas, vamos provocar a Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) para evocar a Medida Provisória 680/215 que estabelece providências para proteger os empregos, num acordo entre empresas e trabalhadores, com redução da carga horária e redução de até 30% dos salários, mas que não está valendo para o Norte Fluminense porque não há demandas para as empresas, em função do mar de lama da Petrobras. Vamos sugerir que o Parlamento Regional, uma iniciativa do Legislativo de Campos, mantenha entendimento com a Alerj para que tenhamos aqui um audiência pública no sentido de que as ações propostas na MP 680/2015 possam ser aplicadas no Norte Fluminense e assim evitar o fechamento de mais empresas, e consequentemente o fim de mais empregos”, anuncia o sindicalista.
Por Jualmir Delfino – Foto: César Ferreira
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