Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Setor de brinquedo torna-se importador para seguir no País


RAFAEL DIAS

A Estrela, que já brilhou muito na liderança do setor de brinquedos, teve de se adequar à dura realidade do mercado brasileiro para sobreviver. Na busca por competitividade, a fabricante passou a compor seu mix com importação de produtos acabados ou componentes. Com isso, hoje cerca de 30% a 40% de sua produção vem da própria China. A situação da empresa, que já teve inclusive seu registro suspenso na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), demonstra claramente no que se transformou a indústria de brinquedos no País.

A concorrência desleal com os chineses continua a ser o principal desafio dos fabricantes nacionais.

Atualmente, o mercado nacional está dividido em 55% de produtos locais e 45% chinês, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa. “Verificamos uma continua invasão dos importados, baseada em uma tríade composta por contrabando, subfaturamento em quantidade e em valor”, afirma.

Para Batista a realidade brasileira permite aos importadores uma vantagem cambial de 45% em cima da indústria nacional, além de mais 15% para desembarque nos portos do País, tanto secos como molhados.

Além disso, incide sobre a fabricação nacional uma taxa de juros de 3,5% ao mês, enquanto para os concorrentes chineses essa taxa é de 1,5%. “Como se não bastasse, o País dá ao importador uma possibilidade de uma aduana que não tem nenhum controle e não sabe desembaraçar brinquedo, o que acaba em um subfaturamento de 40% na operação normal em valor e 50% em quantidade”, alerta o presidente da Abrinq.

Diante deste cenário, a indústria nacional vem popularizando sua produção desde o ano passado, quando conseguiu vender quase 70% dos brinquedos no Brasil até R$ 50.

Mesmo assim, a Estrela estima um crescimento em torno de 20% no faturamento nos seis primeiros meses de 2011 comparados a igual período do ano passado. Para o segundo semestre, a companhia planeja manter o ritmo de lançamentos para continuar crescendo na época que, tradicionalmente, concentra 70% das vendas da indústria, com datas importantes no calendário como Dia das Crianças e Natal.

O presidente da Estrela, Carlos Tilkian, explica que foi possível regularizar os estoques no primeiro trimestre deste ano, o que reforçou a expectativa de um cenário positivo no segundo semestre.

A respeito do registro na CVM, Tilkian afirma que, além do balanço, a instituição exige outros documentos, entre eles o formulário de referência, que, por uma falha interna, não teria sido entregue no prazo. “Já foi encaminhado no dia 6 de julho. Assim esperamos que a situação seja normalizada”, explica.

No geral, os fabricantes brasileiros de brinquedos devem fechar 2011 com um crescimento em torno de 11% em relação a 2010, o que representa um faturamento de R$ 3,6 bilhões.

Segundo Batista, o licenciamento, presente em 85% dos produtos nacionais, foi decisivo para a indústria local. Por isso, o setor deve investir mais R$ 200 milhões em modernização das fábricas nos próximos anos.

Durante a Abrin – maior feira de brinquedos da América Latina, realizada em maio em São Paulo – 1,5 mil novidades foram apresentadas ao mercado para o Dia das Crianças e Natal.

Bicicletas

Na Caloi, fabricante de bicicletas, o segmento infantil é extremamente importante e estratégico para a empresa.

Segundo o presidente da companhia, Eduardo Muda, a divisão deve atingir 50% do volume de produção e 35% do faturamento da empresa este ano.

A receita da Caloi neste segmento gira em torno de R$ 100 milhões, o que a coloca entre as maiores empresas de brinquedos do Brasil, conforme o presidente, que espera comercializar 500 mil bicicletas infantis em 2011, o que significa um crescimento de mais de 25% em relação a 2010. Assim, a Caloi, consolida a liderança nesse segmento de aproximadamente 1,5 milhão de unidades por ano.

Segundo dados da fabricante, a marca já detém 33% de participação do mercado de bicicletas infantis em unidades. Entretanto, a participação sobe para 50% em valor de mercado, já que o preço médio de seus produtos é significativamente superior ao da concorrência.

Além de marcas próprias como Ceci e Caloi Cross, existem também produtos licenciados como Barbie, Hello Kitty, Hot Wheels, Ben 10 e Princesas da Disney, o que constitui o maior portfólio de licenças da categoria.