Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Setor automotivo eliminou 47,4 mil vagas na crise

 


Mesmo com IPI menor e vendas em alta, montadora e autopeça demitem

 

Cleide Silva

 

Em junho, mês em que a indústria automobilística registrou vendas recordes de 300,2 mil veículos, montadoras e fabricantes de autopeças fecharam 2,9 mil postos de trabalho em todo o País. Desde outubro, quando os reflexos da crise internacional ficaram mais evidentes no País, os dois setores demitiram 47,4 mil funcionários, sendo 35,7 mil nas autopeças e 11,7 mil nas montadoras.

 

Uma lenta reação começou recentemente, com anúncios de contratações feitos pela Volkswagen e a General Motors. Ambos os setores admitem, entretanto, que não há planos no curto prazo de recuperar os níveis de emprego do período pré-crise.

 

As empresas alegam queda nas exportações e redução na produção de caminhões e ônibus. As autopeças acrescentam também o aumento da importação de carros por parte das montadoras e afirmam que o corte só não foi maior graças aos acordos de redução de jornada assinados em várias empresas.

 

“O primeiro momento da crise foi muito agudo. Estávamos a 200 quilômetros por hora e encontramos um muro de concreto à frente”, disse ontem o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori.

 

O executivo reconheceu que o governo reagiu rapidamente na crise e o setor começou a se recuperar por conta do mercado interno. Essa recuperação, porém, não teve efeito no emprego. Só no primeiro semestre, período em que o setor automobilístico contou com benefício fiscal, ocorreram 18,8 mil demissões, sendo 11,5 mil nas autopeças e 7,3 mil nas montadoras.

 

Desde março, quando o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) teve a primeira prorrogação, as montadoras se comprometeram em não demitir, mas havia exceções para pessoal com contrato temporário e abertura de programas de voluntariado (PDV).

 

Para as autopeças, só valia os acordos feitos entre empresas e sindicatos, a maioria estabelecendo redução de jornada e salários. Com os cortes de junho, as autopeças encerraram o semestre com 196 mil funcionários, voltando aos níveis de quatro anos atrás. As montadoras empregavam 119,5 mil pessoas até o mês passado.

 

Segundo Butori “como qualquer paciente que acaba de deixar a UTI, estamos em fase de recuperação”. Mas ele prevê para o ano faturamento entre 13% a 15% menor que o de 2008. “Para nossos clientes montadoras a situação é melhor”, disse. As montadoras projetam vendas 6% maiores que no ano passado (com 3 milhões de unidades), embora a produção, que gera empregos, ficará 5% abaixo (3,05 milhões de veículos).