A cada dia que passa, as operações da Polícia Federal vão revelando mais e mais as maracutaias produzidas pela relação promíscua entre grandes empresas com o governo. Confesso que, quando começaram a vir a tona as revelações sobre os favorecimentos à base de propina do governo e do Congresso para o grande capital, não me surpreendi.
Essa promiscuidade foi uma coisa que o movimento sindical sempre denunciou. Não é de hoje que temos alertado que, não só o dinheiro público, mas toda uma tomada de decisões, seja dos poderes executivos, legislativo e judiciário, tem sido usados para favorecer grandes empresas em detrimento da maioria da população. Nós, metalúrgicos da Grande Curitiba, cansamos de denunciar isso, pois sofremos na pele os efeitos desse tipo de relação.
Não foram poucas as vezes que denunciamos os incentivos fiscais e outros benefícios tributários dados de mão beijada para multinacionais sem que se cobre ao menos a responsabilidade com a manutenção dos empregos. Todos os benefícios recebidos acabam indo de graça para fora do país como remessa de lucros. Uma mínima parte fica aqui. E a bomba sempre acaba estourando no colo do trabalhador.
Também não foram poucas as vezes que o Estado foi usado para interferir nas mobilizações dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho, seja através da polícia ou de decisões absurdas dos tribunais como a imposição de interditos proibitórios. Tudo para favorecer o capital que é o grande financiador de campanhas eleitorais e mantenedor do sistema corrupto que vigora nas instituições governamentais.
Por isso não nos surpreendemos. Tudo o que está aparecendo através das investigações, só está confirmando o que sempre dissemos. Por isso, chega a ser uma desfaçatez o lobby patronal para querer impor uma reforma trabalhista que vai favorecer apenas o capital. Assim como denunciamos as maracutais das empresas com o governo, também não é brincadeira quando alertamos sobre os perigos dessa reforma. Não é á toa que o patronal tá louco pela sua aprovação.
Fica muito claro que a intenção não é “modernizar” as relações de trabalho. O que querem é aumentar seus lucros em cima da precarização dos salários e benefícios. E para evitar isso, nossa única arma é a luta e a união. Ou é isso ou vamos pagar um preço alto. Não dá para vacilar. Vamos para a luta!
Sérgio Butka é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, da Força Sindical do Paraná e da Federeção dos Metalúrgicos do Paraná