Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Seminário da Força reafirma a importância dos trabalhadores da região sul nas lutas nacionais

Assessoria de imprensa da Força Sindical PR

“Temos Força para lutar”. Com esse tema, mais de 400 líderes sindicais de diversas categorias profissionais participaram de 26 e 28 de setembro, em Florianópolis (SC), do 1º Seminário da Região Sul da Força Sindical.

Durante os dois dias de trabalhos, os sindicalistas da central no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul discutiram assuntos que afetam diretamente a classe trabalhadora, como crise mundial, negociações coletivas, trabalho decente, investimentos do governo federal na região sul e reforma trabalhista. O evento reafirmou também a importância dos trabalhadores do sul nas lutas nacionais.  

Abertura

Na solenidade de abertura, o presidente da Força PR, Sérgio Butka, destacou a iniciativa do encontro e a integração dos trabalhadores dos três estados. “Estamos resgatando os trabalhos da Força Sul, quando fizemos vários seminários e discussões importantes. Este evento é a continuação de um planejamento estratégico das direções estaduais da Força na região. Os debates e palestras aqui serão muito úteis para que a gente possa saber o que acontece geograficamente, se planejar, e buscar com que os trabalhadores tenham uma melhor qualidade de vida em cima daquilo que estamos construindo para a região sul”, disse.

O presidente da Força no Rio Grande do Sul, Clàudio Janta, disse que os trabalhadores precisam se preparar para os desafios que vem pela frente e afirmou ser fundamental o processo de qualificação dos dirigentes sindicais. “Quando nós chamamos os dirigentes sindicais a se qualificar para atuar no dia-a-dia, é de extrema importância para o movimento sindical e para os trabalhadores. Ainda mais com temas que vamos debater neste evento, como infraestrutura e geração de emprego e renda na nossa região, a forma de atuação do movimento sindical, a questão da agenda dos trabalhadores que já teve alguns avanços e temos que avançar muito mais, discutindo a forma do movimento sindical intervir nas políticas públicas de governo”, afirmou.

Anfitrião do evento, o presidente da Força de Santa Catarina, Osvaldo Mafra, lembrou da plenária que fundou a interestadual sul da Força e falou dos desafios do movimento sindical. “Sediamos o evento que criou a Força Sul em 2007, em Itajaí, e hoje voltamos a discutir juntos com os companheiros do Paraná e Rio Grande do Sul, assuntos importantes para a classe trabalhadora. Esse é um ano decisivo, pois uma nova crise está vindo por aí e precisamos estar preparados. Temos que reforçar nossas reivindicações, lutando pela melhoria das condições de trabalho e salários dos trabalhadores”, comentou Mafra.

Lutas nacionais

Líder sindical de maior destaque no Congresso Nacional, o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, participou da cerimônia de abertura saudando os companheiros que, segundo ele, formam o “trio-de-ferro” do sindicalismo no sul do país (Butka – Força PR, Mafra – Força SC e Janta – Força RS). Paulinho falou também sobre as históricas manifestações da Jornada Nacional de Lutas, que levou multidões às ruas exigindo a aprovação da pauta trabalhista, e fez um balanço das recentes conquistas dos trabalhadores no Congresso. “Conseguimos coisas importantes nos últimos 20 dias, como o aumento do IPI para o carro importado, medida que vai contra a desindustrialização e protege a indústria nacional e o emprego. Temos que garantir os empregos aqui, e não na China”, disse o líder sindical.

Paulinho destacou ainda a ampliação do aviso prévio para até 90 dias, projeto defendido pelo movimento sindical que há anos estava engavetado no Congresso, e que deve ser sancionado em breve pela presidente Dilma Rousseff.

Também estiveram na mesa de abertura do evento os seguintes líderes sindicais: Danilo Pereira da Silva (presidente da Força Sindical de São Paulo); João Batista Inocentini (presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força); Geraldino dos Santos Silva (secretário de relações sindicais da Força); Miguel Padilha (tesoureiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e afins).

As negociações coletivas

O advogado trabalhista Iraci Borges abriu a série de palestras do evento falando sobre negociações coletivas. “É um instrumento importante do movimento sindical, temos que nos aprimorar no sindicalismo dos resultados, que é uma tendência mundial hoje em dia”.  Ele citou como exemplo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), entidade que há anos adotou a estratégia de negociar acordos coletivos diretamente com as empresas, sobretudo aquelas com maior poderio financeiro. O advogado lembrou que no passado as coisas eram diferentes. “Há cerca de 25 anos, esperava-se a data-base para fechar uma convenção coletiva genérica, inclusive com as maiores empresas. O acordo era nivelado por baixo, o que tornava o sindicato frágil perante a categoria”.

Segundo Iraci, essa política começou a se modificar no início da década de 90. “As datas-bases dividiram-se em três, para criar referência de negociação. Primeiro as montadoras, depois peças e por ultimo metalurgia e máquinas. Criou-se um parâmetro de negociações, o que dava nas montadoras, tinha que dar nas peças e metalurgia, ou seja, o índice de montadoras virou parâmetro para outras datas-bases”, conta o advogado, reforçando a importância da sindicalização para o trabalhador. “O caminho único é o sindicato. Se não, o patrão dá quanto quer de aumento, com o trabalhador ficando a mercê do chefe”.

Investimentos do Governo Federal na Região Sul

Diretor da Escola de Políticas Públicas e Governo, Luiz Alfredo Salomão foi o palestrante seguinte, com o tema: “Os investimentos do Governo Federal na Região Sul”. Salomão iniciou sua exposição apresentando dados sobre os três estados da região, suas peculiaridades, vocações econômicas, população e infraestrutura. O palestrante apontou algumas diretrizes para o desenvolvimento do sul. Entre elas, a recuperação da participação no PIB nacional, crescendo mais do que a média do país (2002 era 16,9% e 2008 caiu para 16,6%); melhorar ou pelo menos manter o seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), hoje o melhor do país e com nível equivalente à Europa; enfrentar a concorrência estrangeira, aproveitando a vocação industrial e exportadora da região; e por último, atrair investimentos federais visando a melhoria de sua infraestrutura logística e de telecomunicações.

Salomão mostrou ainda o montante que vem sendo investido pelo governo federal na região, em estradas, portos, energia elétrica, telecomunicações e habitação, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “São valores consideráveis, porém, ainda muito abaixo da quantia destinada ao norte e o nordeste, regiões consideradas menos desenvolvidas”, afirma.

Trabalho decente

Assunto de destaque em 2011, o trabalho decente foi o tema da palestra do secretário estadual do Trabalho e Emprego do Paraná, Luiz Cláudio Romanelli. Ele falou sobre os eventos macrorregionais que vem sendo realizados desde o início de setembro, preparatórios para a Conferência Estadual do Trabalho Decente que ocorrerá nos dias 24 e 25 de novembro, em Curitiba. “É um tema muito atual, inclusive os três estados do sul estão realizando encontros estaduais e macrorregionais, já visando a Conferência Nacional em maio de 2012”, disse.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), trabalho decente é um trabalho “produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de igualdade e segurança, sem qualquer forma de discriminação, e capaz de garantir vida digna a todas as pessoas que vivem do trabalho”. A agenda do trabalho decente é norteada por quatro eixos principais: liberdade de associação e organização sindical, eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, abolição efetiva do trabalho infantil e eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação.

No final da palestra, Romanelli apresentou as estratégias e ações para a implementação do trabalho decente no Paraná. “Temos que avançar nessa questão não só no Paraná, mas em todo o Brasil. Não podemos admitir em nosso país situações como as da China, onde os trabalhadores têm jornada diária de 14 horas, sem fundo previdenciário, com condições de trabalho degradantes, análogas à de escravo. Temos que avançar nos direitos dos trabalhadores, e não retroceder”, afirma.

O Brasil contra a crise mundial

Fechando o primeiro dia do evento, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, fez palestra sobre a crise de endividamento dos EUA e países europeus. Segundo ele, os efeitos dessa nova crise serão tão ou mais devastadores que a crise de 2008. Vários países deverão ser atingidos. “De fato é uma crise séria, com os sistemas financeiros americanos e europeus entrando em colapso. Estamos a cada dia tendo turbulências mundo afora”, comenta.

O Brasil também deve sofrer os efeitos, porém, está bem preparado para enfrentar o problema, segundo Rigotto. “Por causa da crise, devemos crescer menos em 2012, mas eu tenho que destacar que o Brasil hoje está em melhores condições de enfrentar a crise, pois temos grandes reservas cambiais perto dos US$ 350 bilhões, somos um país que produz alimentos, que é autosuficiente em termos de energia, temos uma inflação controlada, um sistema financeiro capitalizado e regulado, temos bancos estatais fortes que na hora da crise fazem a diferença para irrigar o mercado de crédito, além de um mercado interno em expansão”, argumentou.