A covardia do Copom em se negar a baixar a taxa de juros desmascara a conversa do governo de que as coisas estão melhorando no Brasil. Fosse assim, não haveria motivo para se manter elevada a taxa de juros no país: hoje a mais alta do mundo como aponta o Movimento Auditoria Cidadã da Dívida.
O fato é que a postura defensiva do Copom mostra que ainda estamos indo para o buraco. Ou seja, continuamos na mesma de antes do impeachment, o que desmente o atual governo, que se mostra vacilante em agir de forma concreta para derrubar a crise econômica. Caminhos há! As Centrais Sindicais já apontaram várias medidas seguras que podem ser aplicadas. Reduzir a taxa de juros é a primeira e principal delas. Outras são o programa de Renovação de Frota ou a correção da tabela do Imposto de Renda pela inflação e várias outras medidas que já apresentamos ao governo, mas que até agora estão paradas.
A realidade é que, mesmo com a troca de governo, até agora não houve uma ação concreta para ajudar na retomada econômica. Por enquanto, o governo está só no blá blá blá, falando e falando mas sem nenhuma ação objetiva que ajude a girar a economia. O governo parece estar mais preocupado em propagandear uma mudança do que realmente fazer a mudança atacando os problemas de frente.
Em vez de mirar sua atuação para resgatar a economia, o governo se mostra mais preocupado em atender interesses que não têm efeito nenhum na geração de empregos. Debater propostas de flexibilização dos direitos trabalhistas, de ampliação da terceirização ou aumento da idade mínima para aposentadoria como se isso fosse ter efeito significativo para a retomada econômica, mostra que o governo ou está perdido ou mal intencionado. Não há outra explicação. Pensar que se vai tirar o país do buraco precarizando direitos e relações de trabalho é querer vender gato por lebre para a população. Debater flexibilização de direitos em um momento em que o trabalhador se encontra em posição de fragilidade é fazer o jogo de interesses privados e não da nação.
O que precisamos hoje é de ações concretas e consistentes que tragam a retomada econômica e a volta dos empregos. Se o governo quer flexibilizar alguma coisa, que comece pelos juros. Que tome essa iniciativa para mostrar que realmente está preocupado com o país. É preciso pulso firme e ação concreta para derrubar a crise econômica. Chega de conversa mole.
SÉRGIO BUTKA – PRESIDENTE DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DA GRANDE CURITIBA E DA FORÇA PARANÁ