Governo paga R$ 9,9 bi a demitidos no primeiro semestre, 41% mais que no mesmo período de 2008
Ministério do Trabalho estima que 4,1 mi de pessoas tenham pedido benefício; saques do FGTS crescem 24,6% e somam R$ 24,8 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O gasto com seguro-desemprego no primeiro semestre foi o maior desde o início do governo Lula, segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Outro efeito colateral do fechamento de postos de trabalho no auge da crise foi a piora no saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) nos seis primeiros meses deste ano.
De janeiro a junho, os saques do seguro-desemprego somaram R$ 9,9 bilhões, o que representa aumento de 41% sobre o primeiro semestre do ano passado. O ministério calcula que 4,1 milhões de pessoas tenham sacado o benefício nos seis primeiros meses deste ano.
O ministro do Trabalho vê um lado bom no que classificou de recorde dos saques de seguro-desemprego deste governo. “Isso é muito positivo. É mais dinheiro injetado na economia. Quando o trabalhador [demitido] recebe esse dinheiro, ele compra.”
Lupi explicou que as pessoas demitidas em dezembro -mês que concentrou o maior número de dispensas durante a crise- começaram a sacar o seguro-desemprego a partir de janeiro. Por isso, o elevado fechamento de postos de trabalho no fim do ano passado se traduziu em maior gasto de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) neste ano.
Somente em dezembro de 2008 o Ministério do Trabalho contabilizou que foram fechados 655 mil postos de trabalho a mais do que foram criados. No primeiro semestre deste ano, esse saldo é positivo, com a criação de 300 mil empregos a mais do que as demissões.
O ministro lembrou, ainda, que o governo aumentou o número de parcelas do seguro-desemprego para cerca de 300 mil trabalhadores. Também influenciou no valor dos saques o reajuste do salário mínimo.
Com a piora do mercado de trabalho no início deste ano, o resultado de receitas menos despesas do FAT piorou 70%. No primeiro semestre do ano passado, o balanço foi de R$ 5,695 bilhões. Nos seis primeiros meses deste ano, foi de R$ 1,708 bilhão.
Além das despesas mais altas com seguro-desemprego, a arrecadação líquida do FAT caiu 7%, para R$ 16,37 bilhões. Desse valor, o governo ainda emprestou R$ 4,38 bilhões para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
FGTS
As contas do FGTS também sofreram os efeitos da crise internacional. De janeiro a junho deste ano, foram sacados R$ 24,83 bilhões, valor 24,6% maior que o do mesmo período do ano passado.
Os saques são efetuados por pessoas que perderam o emprego. Também podem retirar o dinheiro da conta do FGTS aqueles trabalhadores que querem comprar a casa própria ou em casos de morte e de algumas doenças graves.
O saldo do FGTS está positivo em R$ 2,303 bilhões no primeiro semestre -depois de subtrair os saques da arrecadação de R$ 27,136 bilhões.
Em março, o saldo ficou negativo em R$ 440 milhões. Lupi justificou que esse foi o mês em que o FGTS liberou R$ 1,3 bilhão para Santa Catarina, quando o Estado entrou em calamidade pública devido às fortes chuvas.