O grande temor do governo Dilma Rousseff, segundo afirmou ao Valor uma fonte da equipe econômica, é que a perda de dinamismo da indústria acabe atingindo outros setores. “O emprego industrial começou a perder força no fim de 2010, mas, até agora, segmentos como construção civil e serviços não sentiram”, afirmou o economista do governo, para quem “essa defasagem pode estar acabando”.
No mês passado, o saldo da indústria foi de 37,4 mil novas vagas, enquanto em janeiro de 2011 a geração líquida do setor foi de 53,2 mil postos de trabalho. Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sérgio Mendonça, o nível de ociosidade da indústria é muito alto, o que deve fazer de 2012 uma repetição de 2011, “um ano nada espetacular, do ponto de vista do emprego na indústria de transformação”, diz.
Apesar de não ser o setor que mais emprega trabalhadores, a indústria é “um sinalizador da conjuntura”, diz Mendonça, pois outros ramos da atividade são afetados pelo desempenho dela. É justamente esse “efeito em cascata”, como denominou uma fonte na equipe econômica, que Dilma quer evitar. O governo entende que o programa Brasil Maior, que entrou em vigor no ano passado, deve evitar uma piora mais acentuada da indústria, mas avalia que mais medidas serão necessárias.
Caso a crise econômica mundial não se agrave, o especialista do Dieese acredita que, com um crescimento entre 3% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o Brasil deve gerar de 1,5 milhão a 2 milhões de empregos com carteira assinada.
Por efeitos sazonais, as demissões no comércio foram superiores às admissões em janeiro, e o setor fechou o mês com 36,3 mil desligamentos. No mesmo mês do ano passado, o corte foi de 18,1 mil vagas. “O comércio, assim como a indústria, também tem sido afetado pelo grande volume de importações”, explica Mendonça. (JV e TR)