Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Reunião entre Força Sindical e Fiesp termina sem acordo

Terminou mais uma vez sem acordo a reunião realizada entre a Força Sindical e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) cujo objetivo era discutir propostas que minimizassem os efeitos da crise financeira internacional no País, sobretudo no emprego.

Com a ausência da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que representa 42,5% de todos os sindicatos brasileiros, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, recuou de sua posição inicial e sustentou que a meta do encontro não era obter um acordo que flexibilizasse os direitos trabalhistas e que não exigisse a manutenção dos empregos. Já o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, aproveitou para retomar seu discurso pela redução da taxa básica de juros, dos spreads bancários e da carga tributária e pelo combate às importações ilegais da China. “Não queríamos aqui fazer nenhum acordo com a Fiesp, mas sim dar uma sinalização aos empresários de que estamos dispostos a negociar alternativas dentro da legislação para não demitir trabalhador”, disse.

O presidente nacional da CUT, Artur Henrique da Silva, não participou da reunião por avaliar que um acordo nos termos apresentados pela Força Sindical e Fiesp enfraqueceria o poder de negociação dos sindicatos. Além disso, o dirigente ressaltou que não aceitaria qualquer acordo que resultasse na flexibilização dos direitos trabalhistas e que não garantisse o emprego do trabalhador.

A Força Sindical representa hoje 19% dos sindicatos do País. “A única divergência que há entre nós e a CUT é que eles acham que não é necessário esse tipo de reunião e que os acordos têm de ser feitos na base, entre cada sindicato e cada empresa. E, realmente, precisam mesmo, senão, não têm qualquer validade”, reconheceu Paulinho. “É lógico que queremos, em troca, a garantia dos empregos. Mas tudo que estamos falando aqui não vai resolver o desemprego. Ele já aconteceu e vai continuar acontecendo”, admitiu. Na avaliação dele, se não forem encontradas alternativas, janeiro, fevereiro e março serão muito pesados para os trabalhadores. “Pedimos às empresas que quiserem demitir que procurem nossos sindicatos, em nível nacional, pois eles estão dispostos a discutir formas, dentro da legislação, para não demitir”, afirmou.

Skaf voltou a reclamar da manutenção da Selic em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). “No mundo inteiro, os juros baixaram. No Brasil, não. Isso não é crise do exterior, não. É crise brasileira. Os juros estão ajudando a piorar os efeitos da crise”, declarou. “A queda dos juros vai ao encontro dos interesses do País. Isso é algo unânime entre empresários e trabalhadores”, acrescentou.

Skaf reafirmou que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) está disposto a abrir todas as vagas necessárias para qualificar trabalhadores que tiverem seus contratos de trabalho suspensos durante a crise. “Não é preciso flexibilizar lei ou mesmo criar uma nova lei. Vamos discutir aquilo que está na lei, mas precisamos pregar o entendimento”, afirmou.

Ao longo desta semana, sindicatos e empresários devem reunir-se para voltar a discutir alternativas como a suspensão temporária dos contratos de trabalho, banco de horas, redução de jornada de trabalho associada à de salários, férias coletivas e licença remunerada. No dia 22, empresários e trabalhadores voltam a se encontrar com o objetivo de firmar um acordo definitivo sobre o assunto.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e representantes da Justiça e do Ministério Público do Trabalho (MPT) também serão convidados. Os Serviços Nacionais de Aprendizagem Rural (Senar) e Comercial (Senac) também puseram cursos e matrículas à disposição dos trabalhadores.

Paulinho disse que a queda no emprego na indústria brasileira em novembro, de 0,6% ante outubro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não foi surpresa. “Nós já tínhamos sentido na prática esses efeitos e, em janeiro, será ainda pior”, disse Paulinho.

Jornal do Comércio