Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Movimento Sindical

Reunião do Grupo de Trabalho ´Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical`

15/ 04/2014, dàs 9h às 17hs

Local: Sinthoresp (Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Assemelhados de São Paulo e Região) – Rua Taguá, 282 – Liberdade

Assunto: Rumos da pesquisa e conteúdo do relatório que será entregue à CNV.

Resumo da fala de Rosa Cardoso (coordenadora do GT e membro da Comissão Nacional da Verdade):

Por que a classe trabalhadora foi o alvo primordial do golpe? Por que o golpe foi dado para implantar determinado modelo econômico. IPES e IBAD e a Escola superior de guerra participaram da articulação do golpe.

Os debates que tiveram em torno dos 50 anos do golpe, foram alimentados e enriquecidos pela Comissão Nacional da Verdade. A Comissão, instituída em maio de 2012, fomentou a criação de diversos comitês e comissões da verdade pelo Brasil – nos Estados, cidades, instituições, organizações civis etc. Esse processo está semeando um senso comum de repúdio e horror à ditadura. Após a conclusão deste trabalho (da 1ª CNV) outras Comissões, e outros trabalhos similares virão.

Cabe ao GT dos trabalhadores comprovar as relações entre as empresas e o golpe, essa é nossa especificidade, e este assunto interessa mais aos sindicalistas do que a qualquer outro GT (a Comissão Nacional da Verdade tem 13 Grupos de Trabalho, GTs). Cabe ainda distinguir o que ainda resta na legislação brasileira de resquício da ditadura.

Os atos realizados pelo GT deram visibilidade e aproximaram os trabalhadores das atividades da Comissão. Além disso, eles criaram uma identidade para esse processo, que ficará marcada na história. Entretanto, este não é mais o momento de realizar atos, e que temos que nos concentrar no relatório.

Resumo da fala de Ivan Seixas (membro da Comissão Estadual da Verdade):

Engana-se quem pensa que na Argentina a Comissão da Verdade teve acesso aos arquivos. Não teve. Os arquivos permaneceram fechados. Todo o levantamento foi feito com base em depoimentos e no posterior cruzamento entre as informações.  A Comissão da Verdade não é perfumaria. Ela mudará a realidade e isso diz respeito aos trabalhadores. Por isso, mesmo que seja difícil e que não exista muito investimento, não podemos perder a oportunidade. Os interessados somos nós, que sofremos com a ditadura. Os Sindicatos, as centrais, todos nós, devemos mobilizar as bases para ter a chancela da sociedade.

Sobre os camponeses 

Houve muitas falas sobre os camponeses. O Toninho, da CUT, citou dados de sindicalistas do campo mortos pela ditadura. A conclusão é que o GT dos sindicalistas deverá estabelecer uma interface com o “GT Camponeses e Indígenas” contemplando os sindicalistas do campo.

Relatório

Os documentos levantados pelas centrais sindicais ou sindicatos deverão ser entregues editados e resumidos, com as partes que interessam sublinhadas ou apontadas. Os documentos devem ser acompanhados de legenda explicativa. Não será possível processar todas as informações que estão surgindo. Por isso, quanto mais “mastigadas” tiverem, melhor.

Vários sindicalistas presentes questionaram à Rosa quanto às “recomendações” que, segundo eles, o relatório deve conter. A estas indagações a Rosa respondeu que a Comissão Nacional não tem discutido “recomendações”, mas sim o levantamento de informações. Segundo ela o Pedro Dallari, coordenador geral da Comissão Nacional da Verdade, disse que isso não é importante neste momento.

O relatório final terá 40 laudas. Apenas 40 laudas. Ele será um capítulo do relatório geral da Comissão Nacional da Verdade.

A coordenação do GT quer, e está consultando as centrais sobre isso, contratar um jornalista renomado (ou de grande porte) para ajudar a organizar as informações e escrever o relatório. O governo não pagará esse jornalista. Ele deverá, se isso for aceito, ser pago pelas centrais sindicais. A Força Sindical é favorável a esta contratação e se dispôs á contribuir. A Nova Central Sindical também afirmou que está de acordo. O representante da Interssindical falou que acha a proposta razoável e que vai consultar os dirigentes da central. O representante da CUT primeiramente falou que algum membro do GT poderia executar essa função, mas, por fim a CUT se mostrou favorável à contratação do jornalista e ao pagamento. O jornalista contratado deverá se dedicar integralmente à elaboração do relatório. Ainda não há um nome para esta função. O texto resultante do relatório deverá ser de leitura fluente e não poderá ser muito acadêmico.

Datas

Os documentos levantados pelas centrais ou sindicatos deverão ser entregues para o Neto (assessor da Rosa), até o dia 31 de maio de 2014.

O relatório preliminar deve ser feito até o fim de julho. Ele será apresentado às centrais sindicais. O relatório final do Grupo de Trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical” deverá ser entregue à Comissão Nacional da Verdade em setembro.

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade deverá ser entregue à Presidência da República, em novembro de 2014.

Por Carolina Maria Ruy

SP, 17 de abril de 2014