Resistir aos ataques do governo e do grande capital a conquistas e direitos é tarefa urgente do sindicalismo. Mas não basta. O movimento precisa ajudar a construir um projeto de desenvolvimento nacional, “que seja o oposto ao modelo neoliberal que aí está”, observa Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi e também da CNTM, Confederação da categoria.
Em entrevista à Agência Sindical, o dirigente forcista, que se opõe às medidas de Michel Temer, informa estar organizando assembleias em todas as regiões da base metalúrgica de São Paulo e Mogi. “Foco nas 12 maiores maldades da reforma e abro para o metalúrgico falar no carro de som”, diz. Segundo Miguel, “quando tomam conhecimento da gravidade das mudanças, as pessoas custam a acreditar que isso tudo já está marcado para acontecer a partir de novembro”.
Após mobilizar a base sindical, Miguel Torres pensa em fazer encontro geral de todos os setores, “provavelmente em setembro, quando vamos estar perto de iniciar a campanha salarial”. O sindicalista trabalha com a ideia de reunir em encontro amplo, também, categorias como químicos, plásticos, construção e alimentação, que formam a base do IndustriAll, uma espécie de sindicato mundial de trabalhadores do segmento industrial.
A resistência aos efeitos da reforma trabalhista não deve ficar restrita à ação sindical. Miguel Torres considera que a luta judicial também pode ter um papel decisivo. “Porém, temos de analisar os melhores caminhos e para quais instâncias encaminhar as demandas, ou seja, onde nossas chances serão maiores”, afirma. Ele defende que as entidades busquem uma orientação mais ou menos uniforme para as ações.
Reformas – Para Miguel Torres, a elaboração de um projeto nacional de desenvolvimento deve ser no sentido oposto das reformas atuais. Ele adianta: “Penso em chamar o sindicalismo, economistas, empresariado produtivo, Dieese, Diap e demais forças que buscam o caminho do crescimento e da distribuição de renda”. O dirigente metalúrgico e um dos vices nacionais da Força Sindical, coloca a indústria no centro desse projeto. “Sem base industrial forte, não haverá saída para o Brasil”, arremata.