João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
“Por diversas razões somente hoje posso escrever sobre a grande reunião nacional dos metalúrgicos que aconteceu em São Paulo, no dia 4 de agosto, a convite de Miguel Torres, que foi o anfitrião.
Reuniram-se 40 representantes de cinco centrais sindicais e de confederações, federações e sindicatos do setor com a pauta da resistência à deforma trabalhista.
Uma reunião de quem tem apito na boca e cujos nomes mereciam ser escritos aqui. Em clima fraterno de resistência unitária (o mesmo clima que testemunhei na reunião ampliada da direção do sindicato dos metalúrgicos de Curitiba, dois dias depois) deu o tom, com as intervenções, propostas e decisões apontando o rumo consequente das tarefas a serem cumpridas.
Ficou determinada a organização de uma coordenação de comunicação capaz de unificar e dar coerência aos materiais de agitação e às campanhas.
A grande preocupação dos dirigentes foi a de estarem juntos às bases representadas, atuando para orientá-las, mobilizá-las e uni-las na luta comum, apesar das dificuldades momentâneas.
Houve também a preocupação de enfrentar as novas investidas do governo e do Congresso para fazer a deforma previdenciária.
Como ficou demonstrado nas três grandes datas de luta do primeiro semestre (o 15 de março, o 28 de abril e o 24 de maio) a resistência à deforma previdenciária é unânime entre os trabalhadores e os leva à indignação e à luta.
O pacto produtivista, contra a desindustrialização, também é uma preocupação permanente. Mas a principal preocupação imediata foi a de unificar e reforçar as campanhas salariais dos metalúrgicos, escalonadas durante o segundo semestre.
A previsão é a de que o patronato, excitado pela aprovação da lei da deforma trabalhista, queira aplicá-la como parâmetro, desde já, nas negociações.
Embora não haja, de imediato, a condição para uma unificação orgânica das diversas companhas, firmou-se unanimemente a determinação de conduzi-las da maneira mais unitária possível, com ajuda mútua e acolhimento das melhores conquistas, resistindo ao desmanche das convenções coletivas atuais e valorizando as cláusulas que exigem negociações coletivas.
Os metalúrgicos fixaram novas datas para as reuniões futuras e planejam, auxiliados pelo Dieese e pelo Diap, realizar em setembro uma plenária nacional capaz de garantir maior unidade, força e eficácia à luta comum dos trabalhadores”.
João Guilherme é consultor de entidades sindicais