O rendimento médio do trabalhador brasileiro aumentou em 2007 pelo terceiro ano, com alta de 3,2% frente a 2006, mas ainda não recuperou as perdas acumuladas nos últimos dez anos e está 5 % abaixo do nível de 1997. Os dados constam da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (Pnad), divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (17).
O avanço de 3,2% foi menor que o observado em 2006 (de 7,5% ante 2005) e em 2005 (de 4,5% frente a 2004). “Isso pode estar relacionado com o aumento menor do salário mínimo em 2007”, explicou a economista do IBGE Márcia Quinstlr.
Segundo o IBGE, desde 2004 a renda do trabalhador brasileiro ocupado acumula crescimento de 15,6%. Em 2007, o rendimento nominal alcançou R$ 956 – valor ainda abaixo do verificado em 1997, que era de R$ 1.011.
“Os resultados da Pnad mostram que o patamar de rendimento médio real de 1997 ainda não foi retornado, embora tenha ocorrido ganho, especialmente entre 2004 e 2007”, informou o IBGE em relatório.
Índice Gini
A alta do rendimento contribuiu para que o país registrasse em 2007 mais um pequeno avanço no índice de Gini, parâmetro internacional para avaliar as condições de vida da população. O indicador passou de 0,540 em 2006 para 0,528 em 2007. Quanto mais próximo de zero, melhor é a condição de vida de um cidadão. Em 2004, o Gini era de 0,547 e em 2005, de 0,543.
Apesar da melhora, a concentração de renda no País permaneceu bastante aguda no ano passado, segundo a pesquisa. “Os avanços mencionados, apesar de persistentes, são de baixo impacto no que se refere aos rendimentos mais baixos e mais elevados”, avaliou o documento.
“A despeito da redução do Gini, se verificou que, em 2007, os 10% da população ocupada com mais baixos rendimentos detiveram 1,1% dos rendimentos do trabalho, enquanto aos 10% com os maiores rendimentos corresponderam 43,2% do total das remunerações”, acrescentou o relatório. Esse comportamento se mostrou praticamente inalterado em relação aos anos anteriores.
O IBGE mostrou ainda melhora na escolarização, no acesso a serviços públicos e na aquisição de bens duráveis de 2006 para 2007. A taxa de analfabetismo de um ano para o outro caiu de 10,4 para 9,9% da população, mas 14,1 milhões de brasileiros não sabiam ler e escrever no ano passado. De acordo com o IBGE, em 1992 esse percentual atingia 17,2% da população.
População ocupada
A Pnad revelou progressões no mercado de trabalho em 2007. O total de ocupados no ano passado cresceu 1,6% ante 2006 e ficou em 90,8 milhões de pessoas. Além disso, o número de desocupados caiu 1,8%, o equivalente a 8,1 milhões de pessoas ante 8,2 milhões em 2006.
A população ocupada aumentou 4,6% na indústria e na construção civil; 3,6% no comércio e 1,9 % no setor de serviços. O emprego com carteira bateu recorde ao avançar 6,1% em relação a 2006 sendo que no Nordeste a formalização avançou 8,5%. O emprego com carteira de trabalho atingiu 35,3 % da população ocupada depois de ficar em 33,8% em 2006 e 33,1% em 2005.
O emprego sem carteira encolheu 0,7 % em 2007 e o trabalho por conta própria subiu 1,5 % frente a 2006. O trabalho infantil no Brasil também diminuiu entre 2006 e 2007, ao passar de 5,1 milhões para 4,8 milhões de brasileiros com idade entre 5 e 17 anos.
Sindicalização e previdência
Com mais pessoas trabalhando com carteira assinada, o número de contribuintes da Previdência Social bateu recorde em 2007. Pela primeira vez, o total de contribuintes superou mais da metade das pessoas ocupadas.
Segundo o IBGE, o número de contribuintes ficou em 51,1% da população ocupada em 2007, percentual que já foi de 42,6% em 1992. A Pnad apontou que no ano passado 46,1 milhões de brasileiros contribuíam para a Previdência Social, 5,7% a mais que em 2006.
“O avanço do trabalho com carteira e da contribuição para a Previdência representam ganhos e garantias importantes para os trabalhadores embora o número de pessoas sem assistência ainda seja relevante”, afirmou o economista do IBGE Cimar Azeredo Pereira.
Em 2007, a sindicalização perdeu força no Brasil, com queda de 3,3% frente a 2006. No ano passado, eram 16 milhões de sindicalizados ou 17,7% da população ocupada. Ao longo de dez anos, o total de trabalhadores ligados a sindicatos subiu de 16,2% da população ocupada, para 17,7%. (Fonte: Reuters)