Foto: Daniel Cardoso
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avisou ontem os representantes das centrais sindicais que o governo terá ‘’muitas dificuldades’’ para aprovar as medidas provisórias que restringem o acesso a benefícios trabalhistas, entre eles o seguro-desemprego e o abono salarial. A MP também mudas as regras de pagamento de pensões. As duas já foram aprovadas pela Câmara dos Deputados e agora serão analisadas pelo plenário do Senado, onde o governo sofre com uma base fragilizada e com a oposição de Renan.
Ontem o presidente do Senado reafirmou ser inadmissível que a presidente Dilma Roussef queira fazer o ajuste fiscal às custas dos trabalhadores, sem cortar na própria carne. ‘’Para ser um ajuste fiscal às custas dos trabalhadores, sem cortar na própria carne. “Para ser um ajuste fiscal tem de mexer no setor público, cortar no próprio Estado. Por enquanto não é um ajuste fiscal completo. É um esforço que corta, sobretudo, direitos trabalhistas e benefícios previdenciários’’, disse Renan aos sindicalistas.
O peemedebista iniciou uma cruzada pela redução de ministérios quando seu apadrinhamento foi tirado da pasta de Turismo para dar lugar ao ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, também do PMDB.
“O que o governo está fazendo não é um ajuste fiscal. Ele está fazendo com que o cavalo deixe de comer até morrer de fome’’, teria dito Renan, segundo o deputado federal Paulinho da Força (SDD-SP).
“Ele (Renan) se mostrou indignado com as MPs. Sentimos da parte dele que o governo não vai ter moleza aqui, não”, afirmou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
A Força, junto com outras centrais sindicais, vai apostar, a partir de agora, no corpo a corpo contra os senadores para, ao menos, conseguir mudar as medidas provisórias. Nesse caso elas teriam de voltar a ser analisadas pela Câmara, onde o governo conseguiu a aprovação por uma margem mínima de votos (252 votos a fovor e 227 contra).
‘’Vamos pressionar. A previsão é de colocar as MPs em votação no dia 20. Vamos trazer muita gente para Brasília. O trabalhador não vai pagar sozinho essa conta’’, esbravejou Miguel.
Para ele, a fragilidade política do Palácio do Planalto no Senado pode ajudar a derrubar as medidas. “Tenho certeza de que há condições de reverter aqui (no Senado). Aí, quando voltar para a Câmara, vamos pressionar ainda mais os deputados a derrubar essas aberrações.”
Após a reunião com Renan, os sindicalistas, acompanhados de cadeirantes e personagens que simbolizam os pensionistas, fizeram uma manifestação no Salão Verde.