Foi realizado nos dias 14, 15 e 16 de agosto, em Jundiaí, o 8º Encontro Nacional da Rede de Trabalhadores na ThyssenKrupp. O evento foi promovido pela própria rede sindical (formada há oito anos e representada pelos Sindicatos de Metalúrgicos de Porto Alegre/RS, Campo Limpo e Várzea Paulista/SP, Santa Luzia e Ibirité/MG e São Paulo/SP), com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM/Força Sindical), da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), do Dieese e da Industriall.
Pela CNTM estiveram presentes o Coordenador de Redes Everaldo dos Santos e os companheiros Pedro, Wellington, Claudio, Med e Luís (Metalúrgicos de Jundiaí), Antonio e Rinaldo (Metalúrgicos de São Paulo) e Roberto Anacleto (DIEESE-CNTM).
O objetivo do encontro foi trocar informações e identificar problemas comuns entre representantes sindicais que atuam na multinacional. A programação incluiu debates sobre a importância da rede e qual a estratégia para o fortalecimento da luta dos trabalhadores.
Rede Sindical da ZF do Brasil
Uma das atividades foi a apresentação sobre conjuntura e sobre o setor metalúrgico, realizada pelo DIEESE, e outra foi a troca de experiências com a Rede Sindical da ZF do Brasil, empresa líder mundial no fornecimento de tecnologia para sistemas de transmissão e componentes de chassis.
“O Acordo Marco Internacional serviu de código de conduta para as relações entre a ZF e os trabalhadores de todas as plantas”, explicou João Evangelista, trabalhador da ZF, destacando que “vários itens estão neste acordo como a liberdade de associação e o direito a negociações coletivas, o direito de queixa sem represálias, a proteção no trabalho e à saúde, o apoio à qualificação dos trabalhadores e o reconhecimento e respeito do código de conduta pelos fornecedores da ZF”.
A experiência da rede ZF do Brasil vai servir para que os trabalhadores da rede ThyssenKrupp possam ampliar as estratégias de trabalho e avançar nas conquistas e padronizações dos direitos dos trabalhadores.
João Evangelista falou também sobre a participação da rede ZF no Conselho de Trabalhadores Europeus, um fato inédito, já que o espaço era ocupado só por trabalhadores daquele continente. Segundo ele, isso foi importante para que as demandas das plantas brasileiras sejam discutidas em todas as plantas no mundo.
A expectativa dos participantes da Rede é que a partir deste encontro possa se criar um novo plano de ação para os próximos doze meses. A intenção é a de também reforçar a pauta atual de reivindicações, cujos eixos principais são o reconhecimento formal da rede ThyssenKrupp, o plano de cargos e salários e a liberação dos trabalhadores para a participação dos encontros, entre outros itens.
Os trabalhadores da rede ThyssenKrupp receberam Adilson Sigarini, representante do setor de RH da empresa, para debater os problemas comuns da pauta nacional e as políticas de recursos humanos.
Manuel Campos, do IG Metall, o Sindicato Nacional dos Metalúrgicos na Alemanha, fez uma apresentação sobre Programa de Proteção ao Trabalho.
Pesquisas podem ajudar na consolidação das redes
O encontro contou ainda com uma oficina do Instituto Observatório Social, que tem acompanhado e apoiado os encontros da ThyssenKrupp, por intermédio de pesquisas e mapeamentos das empresas. A própria ThyssenKrupp já teve pesquisa realizada pelo Instituto em duas unidades: em Guaíba/ RS (elevadores) e em Barra do Piraí/RJ (fundição).
O objetivo da oficina foi avaliar as práticas da empresa com relação aos direitos fundamentais do trabalho, tendo como referência as convenções da OIT, observando principalmente temas como liberdade sindical, negociação coletiva, discriminação de gênero e etnia, trabalho infantil, trabalho escravo, saúde e segurança no trabalho e meio ambiente. A pesquisa, elaborada em 2003, apontou vários pontos críticos, como as condições ambientais precárias e os consequentes acidentes e doenças na empresa.
O 8º Encontro Nacional da Rede de Trabalhadores na ThyssenKrupp terminou com uma carta de recomendações ao IG Metall, um debate entre o grupo e uma avaliação das expectativas dos trabalhadores da Rede para os próximos encontros.
Por Roberto Anacleto (Dieese/CNTM), com informações da CNM/CUT e edição de Val Gomes (Assessor de Comunicação CNTM)