Folha Online
Noeli Menezes
O projeto que prevê reajuste de 7,7% dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo “passa fácil” no Senado, segundo avaliação de integrantes da base aliada e da oposição.
A aprovação da proposta ontem pela Câmara foi uma grande derrota para o governo Lula, que defende um aumento de 6,14% e deu sinais de que vetará um reajuste maior.
“As conversas que tivemos com [Alexandre] Padilha [ministro das Relações institucionais] já foram nesse sentido. É politicamente inviável dar um aumento menor neste momento. Não sei se o presidente Lula vai vetar, mas o Senado vai aprovar os 7,7%”, afirmou nesta quarta-feira o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR).
Na mesma linha, o senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu que a votação do reajuste aconteça já na semana que vem. “Pretendo conversar com Lula e mostrar números que comprovam que a Previdência tem condições de absorver as duas coisas”, afirmou.
A segunda “coisa” a que ele se refere é o fim do fator previdenciário, também aprovado ontem pelos deputados.
A medida foi criada em 1999, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, como forma de inibir aposentadorias precoces e reduzir o rombo da Previdência. Na prática, o fator previdenciário é um redutor do benefício, conforme o tempo de contribuição e a idade. Com o fim desse cálculo, o trabalhador ganharia cerca de 30% a mais ao se aposentar.
“Dizem que o impacto nas contas da Previdência será de R$ 15 bilhões, o que é totalmente falso. Isso vai dar, na verdade, R$ 1 bilhão a mais por ano, o que é insignificante em um orçamento de R$ 400 bilhões”, disse Paim.
Os líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do DEM, José Agripino (RN), afirmam que é “certeza” que os senadores votarão pela aprovação do reajuste de 7,7%. “Pode sair perguntando. Ninguém é contra”, disse Virgílio.