Presidente afirma que fará ´o possível e o impossível´ para ´que nosso mercado interno não seja canibalizado´
Segundo ela, países desenvolvidos não têm direito de criticar ações do Brasil para defender mercado doméstico
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil irá “fazer o possível e o impossível para defender a indústria nacional”, que registrou o pior desempenho da economia no ano passado.
Na entrevista, concedida ao blog do jornalista Luis Nassif, a presidente citou como exemplo a revisão do acordo automotivo com o México. O governo quer limitar as exportações de automóveis mexicanos para o Brasil em US$ 1,4 bilhão por ano. A cota valeria por três anos.
No ano passado, as exportações mexicanas atingiram US$ 2 bilhões, ante US$ 54,7 milhões em 2002, ano em que o acordo começou a vigorar entre os países.
“O Brasil vai institucionalmente tomar medidas para garantir que nosso mercado interno não seja canibalizado. Tem queda na indústria, mas dá para reverter. Não daria se deixássemos continuar por dois, três anos”, afirmou.
Ela voltou a criticar os países europeus pelas medidas que estão criando excesso de dinheiro no mercado internacional, gerando uma “desvalorização cambial artificial”.
Ao classificar essas medidas de “uma forma de protecionismo mais feroz que se tem”, Dilma afirmou que os países desenvolvidos não têm direito de protestar contra ações do Brasil para defender o mercado doméstico.
Segundo a presidente, o país ainda está na fase de acelerar investimentos. Ela disse que pretende “fazer uma reunião pessoal com os maiores empresários do país sobre a questão do investimento”.
Dilma afirmou que a crise financeira atual é diferente da de 2011, e muitos países voltarão suas economias para os mercados internos.
A presidente cumprimentou o Banco Central pela decisão de acelerar o ritmo de corte de juros, ao reduzir a taxa básica de 10,5% para 9,75% ao ano na semana passada. “A redução dos juros não é só para esquentar a economia brasileira. Cumprimento o BC porque a intenção maior é equilibrar a taxa interna [de juros] com a [taxa] internacional.”
Dilma também negou que o governo esteja em crise com a base aliada, após sofrer uma derrota no Senado.