Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Produtividade na indústria sobe 10% no 4º tri


Samantha Maia, de São Paulo

A produção industrial cresceu mais rapidamente que o emprego no último trimestre de 2009 e permitiu ao setor recuperar parte da eficiência perdida durante a crise econômica. Enquanto a produção cresceu 5,8% nos últimos três meses de 2009 sobre o mesmo período de 2008, o número de horas pagas caiu 3,7% e o emprego recuou 4,2% na mesma comparação. Como resultado, a produtividade cresceu 9,9% no quarto trimestre de 2009 em relação aos três meses finais de 2008. No ano, a produtividade recuou 1,9%, segundo dados que cruzam a produção física e as horas trabalhadas na indústria, ambos calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda na produtividade média do ano de 2009 era esperada e sucede vários anos de ganhos de eficiência na produção. Para 2010, a expectativa dos economistas é de novos ganhos de produtividade dentro do mesmo padrão que marcou a década passada – crescimento conjunto da produção e do emprego, mas com a produção superando o ritmo de recuperação dos postos de trabalho. Essa expectativa está baseada na disposição apresentada pelo setor em realizar investimentos ao longo deste ano.

No auge da crise, a indústria ajustou primeiro – e fortemente o ritmo de produção. Depois, o ajuste do emprego foi sendo mais lento. Na recuperação, ocorreu o contrário e a produção começou a crescer enquanto vagas de trabalho ainda eram cortadas. De acordo com Silvio Sales, consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a produção já mostrava retomada na comparação mensal (sobre o mês imediatamente anterior) desde o início de 2009, enquanto a recuperação no emprego só começou no segundo semestre.

O consultor calcula que a produção industrial cresceu 6,8% em dezembro de 2009 sobre junho do mesmo ano (a partir da série mensal com ajuste sazonal do IBGE), período em que o emprego também cresceu, mas com menor vigor: 2,2%. “A produtividade este ano não caiu tanto porque no segundo semestre observamos uma velocidade do crescimento da produção mais forte que no emprego”, diz ele.

O desempenho do quarto trimestre de 2009 ajudou a melhorar o resultado de produtividade no ano, que ficou em menos 1,9% sobre 2008. Apesar do resultado ser negativo, ele está bem acima do registrado nos primeiros seis meses do ano. No primeiro trimestre de 2009, por conta da queda brusca da produção, de 14,6% sobre o mesmo período de 2008, e de uma retração menor das horas pagas, de 5%, a indústria registrou uma queda de 10% da produtividade. No segundo trimestre, seguindo o mesmo cenário e sempre em relação ao mesmo período de 2008, o indicador caiu 6,2%. No terceiro, a queda foi muito menor, de 1,3%, por conta de uma redução do ritmo de queda da produção e de uma retração maior do número de horas pagas.

Fábio Romão, economista da LCA Consultores, acredita que em 2010 a indústria deve recuperar produtividade porque o emprego ainda tem muito espaço para crescer em relação ao nível que estava antes da crise. “Nossa estimativa é que a indústria recomponha o seu estoque de mão de obra apenas em agosto deste ano, enquanto a produção já vem forte”, diz ele.

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, o estoque de mão de obra da indústria em outubro de 2008 estava em 8,1 milhões de pessoas. Hoje, ele está em 7,8 milhões. A estimativa da LCA é de que o setor feche o ano de 2010 com uma geração de 392 mil postos de trabalho.

Rogério César Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), considera que ainda é prematuro apontar uma tendência para o ano. Ele avalia, porém, que, por estarem saindo de uma crise econômica, as empresas devem se mostrar mais cautelosas na contratação, o que favorece que a produção se mantenha com um ritmo mais forte inicialmente. “É uma tese válida, pois o setor externo ainda está indefinido, há incertezas”, diz ele.

A recuperação da produtividade no fim de 2009 é um bom sinal, segundo Souza, porque vem junto com o crescimento das horas pagas, apesar da comparação com 2008 ainda mostrar uma desvantagem. “A produção está prevalecendo, mas também há ganhos no número de horas pagas, esse é um desempenho considerado virtuoso. Tem a ver com um processo mais geral de recuperação da indústria, que também virá com o aumento dos investimentos”, diz.