DCI – Agência Estado
Os dados da produção industrial divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam a ideia de que a taxa de juro básico (Selic) vai continuar no nível mínimo histórico por um período prolongado, com a taxa sofrendo apenas mais uma redução de 0,50 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em agosto deste ano. A avaliação é da economista Fernanda Consorte, do Banco Santander. “Se a retomada da atividade acontecer, não tem por que baixar mais o juro. O Banco Central [BC] deve reconhecer que já fez bastante e que tem de esperar os efeitos dos últimos cortes [e medidas de incentivos fiscais]”, afirmou.
O Santander acredita que a atividade dará sinais de retomada no segundo semestre, o que corrobora a sua visão de que a taxa Selic fechará 2012 em 7,50% e prosseguirá nesse nível até meados do ano que vem. “Há uma combinação de fatores favoráveis a uma retomada no segundo semestre”, disse a economista.
Fernanda ressaltou que, com os dados do IBGE desta quarta-feira a estimativa do banco, de queda de 0,50% na produção industrial no fechamento de 2012, ganha viés de baixa. “Mas ainda acreditamos numa retomada considerável da indústria a partir do segundo semestre”, complementou a economista.
De acordo com o IBGE, houve crescimento de 0,20% em junho ante maio e queda de 5,50% em relação a junho de 2011. Em termos trimestrais (abril-junho), o setor industrial ficou negativo tanto em relação a igual período do ano passado (-4,5%), como em relação ao trimestre imediatamente anterior (-1,1%).
No confronto com o sexto mês do ano passado, as previsões apontavam uma queda de 3,20% a 5,30%, com mediana negativa de 4,50%. O Santander previa expansão de 1% na produção em junho ante maio e recuo de 4,20% no confronto com junho de 2011.
“É um resultado ruim. Esperávamos um crescimento forte na margem por conta da expectativa de retomada em duráveis [veículos]. Esse número veio, duráveis cresceram 4,80%. O que puxou a produção industrial para baixo foram bens intermediários, que têm peso de quase 60%”, avaliou Fernanda, acrescentando que, como não há indicadores antecedentes e coincidentes do setor de bens intermediários e houve variação muito distinta dos demais, acabou por atingir a produção como um todo.
Também ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que a produção industrial passa neste momento por um “ponto de inflexão”.
“A produção industrial está dando uma virada, depois de crescimento negativo por vários meses seguidos”, afirmou Mantega “Daqui para frente, vamos ter resultados melhores”, previu ele, ao chegar à sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, após encontro com a presidente da República Dilma Rousseff.