Folha SP
Apesar de férias coletivas e efeito sazonal, queda foi o dobro da média nos últimos 5 anos, 9% a menos que agosto
Apesar disso, estoques em montadoras e lojas continuam elevados, equivalendo a 36 dias de licenciamentos
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
A produção de veículos recuou 19,7% em setembro na comparação com agosto, para 261,2 mil unidades, com as férias coletivas para reduzir os estoques elevados agravando o efeito sazonal.
Nos últimos cinco anos, a queda média nesse confronto ficou em torno de 9%. Os dados da Anfavea (associação das montadoras com fábrica no Brasil) apontam ainda diminuição de 6,2% ante igual período em 2010 e um acréscimo de 3,3% no acumulado dos nove primeiros meses do ano.
Para Luiz Moan, vice-presidente da entidade, “não é uma queda preocupante”. Apesar da menor atividade nas linhas de montagem, os estoques ainda equivalem a 36 dias de vendas, somente um a menos do que o período registrado em agosto, totalizando 378,9 mil veículos.
“Não considero um nível elevado. Aumentamos muito o número de concessionárias -e cada uma delas precisa ter um estoque mínimo- e o de modelos. Está em um nível bastante adequado à nova configuração do mercado brasileiro”, diz Moan.
Para fortalecer a indústria local, diminuindo a competitividade dos importados trazidos por montadoras sem fábrica no país, o governo federal elevou, desde o dia 16, a alíquota de IPI em 30 pontos percentuais para veículos que tenham menos de 65% de componentes nacionais.
Na média de 2011, a participação dos importados chegou a 22,7% do total de licenciamentos, ante 18,8% considerando todo o ano de 2010.
Vale lembrar, entretanto, que mais de 70% desses veículos são trazidos por montadoras com fábrica no país. Na opinião de Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), um estoque “confortável” ficaria entre 25 e 30 dias. “Estoque é custo, é capital parado”, afirma.
Para Ayrton Fontes, consultor especializado no segmento de varejo de veículos, há um cenário ainda mais preocupante em grandes mercados consumidores como São Paulo, no qual os estoques, segundo ele, já chegam ao equivalente a 40 dias.
VENDAS
As vendas de veículos novos recuaram 4,9% em setembro ante agosto, mas apresentaram alta de 1,5% na comparação com o mesmo mês no ano passado, sendo o melhor setembro da série histórica.
No acumulado do ano, houve acréscimo de 7,2%, com os emplacamentos batendo novo recorde.
“O que vem mantendo o mercado aquecido são as vendas para locadoras, que estão comprando com até 30% de desconto”, diz Fontes. A maior preocupação das montadoras, afirma, é manter a participação de mercado, mesmo com redução na margem de lucro.