Pesquisa do IBGE aponta expansão pelo sétimo mês consecutivo e tendência de melhora na maioria dos setores
Adriana Chiarini e Clarice Spitz, RIO
A produção industrial brasileira cresceu em julho 2,2% na comparação com junho. Foi o sétimo avanço consecutivo em relação ao mês anterior. A alta superou as expectativas de analistas do mercado financeiro, que esperavam expansão entre 0,3% e no máximo 2%. De 27 setores, 23 tiveram desempenho positivo em relação ao mês anterior.
A intensidade do aumento de produção e a persistência de alta ao longo de sete meses foram destacados pelo ex-secretário de Política Econômica e professor da Unicamp, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, e pelo consultor da Fundação Getúlio Vargas, Sílvio Sales.
“É um crescimento que tem sustentabilidade”, afirmou Gomes de Almeida, que destacou os bons efeitos do crédito e do consumo. A gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Isabella Nunes, considerou bom o resultado de julho.
“Mostra aumento de ritmo da produção, apoiada na massa salarial e no emprego, mas precisamos ter a perspectiva histórica de que houve uma queda de 20,2% na produção industrial entre setembro e dezembro”, disse. A indústria ainda está 10,6% abaixo do nível de setembro, mês em que se deflagrou a pior fase da crise internacional. Mas a produção industrial em julho foi 12% maior que em dezembro, período considerado o do fundo do poço do da crise para o setor.
De acordo com o IBGE, sete segmentos – que representam 20% do total da indústria, formada por 27 setores – já estão com produção superior a setembro (outros produtos químicos; perfumaria; máquinas para escritório e equipamentos de informática; farmacêutica; bebidas; fumo, e outros equipamentos de transporte). Em junho, apenas dois deles, bebidas e perfumaria, mostravam alta em relação a setembro.
Na comparação com julho do ano passado, a produção industrial amarga uma queda de 9,9% – a menor nessa base de comparação desde março (-9,7%) . No acumulado de janeiro a julho, a retração chega a 12,8% e nos últimos 12 meses fica em -8%.
“As comparações com o ano passado vieram bem negativas, mas menores”, observou Sales. No mês passado, a produção industrial atingiu o mesmo patamar de janeiro de 2007, com melhora em relação a junho deste ano, quando operava no nível de junho de 2006.
Sales considera que o crescimento de 2% na produção de bens intermediários em julho na comparação com junho mostra um certo esgotamento do ciclo de estoques, o que deve contribuir para que a produção continue se recuperando. Essa perspectiva positiva é reforçada pelo fato de o Índice de Confiança da Indústria da FGV ter subido em agosto em relação a julho, comentaram ele e a analista Ariadne Vitoriano, da Tendências Consultoria.
“Para os próximos meses, a nossa expectativa é de que a indústria siga em trajetória de retomada mais expressiva, respondendo aos incentivos promovidos pelo governo, à redução da taxa de juros e à recuperação da economia mundial”, avalia a economista da Tendências.