PEDRO SOARES DO RIO
A estagnação da geração de postos de trabalho de maio para junho –quando a ocupação ficou estável– reflete o período de férias e o crescimento do rendimento médio das famílias, segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com ele, a procura por trabalho é sazonalmente menor em junho por causa das férias, quando principalmente mulheres e jovens deixam de buscar uma vaga.
Outro fator que pode explicar a saída de pessoas do mercado de trabalho, disse, é o avanço do rendimento, que desestimula membros secundários da família a procurarem emprego para compor a renda familiar.
De maio para junho, 116 mil pessoas saíram da População Economicamente Ativa.
“Essa queda na taxa de desemprego [para 7% em maio] não é explicada pela geração de postos de trabalho, mas por pessoas que desistiram de procurar trabalho por não terem disponibilidade em junho e foram para a inatividade”, disse Azeredo Pereira.
Apesar da freada da ocupação de maio para junho, Cimar diz que os dados ainda são positivos. Ressalta o avanço do emprego na comparação com junho de 2009 –3,5%. Outro dado favorável, diz, é a geração de postos de trabalho formais –que cresceu 7,1% de junho de 2009 a junho de 2010.
“O fato do emprego com carteira ter crescido o dobro da ocupação mostra que há uma potencialidade para o emprego nos próximos meses.”
Sobre a alta do rendimento –0,5% na comparação com maio–, Azeredo Pereira diz que o resultado indica uma recuperação e uma “retomada do poder de compra” após a queda de 0,9% da renda de abril para maio, afetada naquele período pela inflação mais alta.