“Para os efeitos de colocar a cabeça em ordem elenco os três princípios estratégicos que devem nortear agora toda a ação sindical.
O primeiro é o de não deixar que a crise político-institucional penetre no movimento sindical, dificultando ainda mais uma luta que já difícil por si mesma devido à recessão (pelo emprego e salário e em defesa dos direitos dos trabalhadores).
Imaginem uma assembleia de trabalhadores, enfrentando, por exemplo, demissões maciças, tendo que decidir também sobre a crise e seus protagonistas…
O segundo princípio é o de enfrentar a onda conservadora que se agiganta como um tsunami e vem embalada pelo moralismo justiceiro e pela atoarda (termo muito usado pelos militares durante a ditadura) da mídia. No solo estéril da recessão, estrumado pelo desemprego, vicejam as ideias de corte dos salários, de quebra dos direitos, de abandono da política de valorização do salário mínimo, de destruição de empresas e enfraquecimento do poder social do Estado. É preciso identificar com precisão todos os fatores de retrocesso e seus porta-vozes, muitos dos quais são lobos em pele de ovelha (trocar o legislado pelo negociado, por exemplo).
O terceiro princípio é o de garantir, com a máxima unidade de ação (que deve abranger, também, setores empresariais interessados), uma plataforma mínima pela retomada do crescimento com distribuição de renda, um Compromisso pelo Desenvolvimento. Em sã consciência não é hora de discutir Previdência (e muito menos a quebra de direitos previdenciários), mas é hora de somar esforços para destravar a economia, barrar o desemprego, controlar a inflação, aumentar a produtividade e evitar o desmanche social.
Não trazer a crise para dentro do movimento sindical, enfrentar a onda conservadora identificando seus porta-vozes nefastos e unificar os trabalhadores e a sociedade pela retomada do desenvolvimento, esses são os três princípios estratégicos atuais do movimento sindical”.
João Guilherme
Consultor Sindical