Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Preço do aço provoca protestos da indústria


SÃO PAULO – Um dos grandes apelos da indústria siderúrgica brasileira com o início da crise econômica que levou para baixo a demanda do aço em todo o mundo está gerando controvérsias entre as usinas e os principais consumidores de aço do País.

 

Com o aumento das taxas de importação de diversos produtos siderúrgicos, o medo de alguns setores industriais é que uma queda mais significativa do preço do aço, a exemplo do que já está ocorrendo em outros países, fique ainda mais distante do mercado brasileiro.

 

Para tentar reverter a decisão, os setores consumidores do aço já começam a se organizar. Representantes do setor de bens de capital, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), se reunirão, hoje, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, para discutir sobre o assunto, segundo informações da entidade.

 

As usinas siderúrgicas, por outro lado, estão satisfeitas com a medida, que há tempos estava sendo solicitada ao governo, sob a alegação de que a entrada de aço de fora estava prejudicando a indústria local, por conta de competição desleal. Procuradas, a Gerdau e Usiminas afirmaram, por meio de nota ao DCI, que apoiam a decisão para o “restabelecimento das alíquotas de importação”.

 

A primeira disse que “também acredita que a medida, diante do atual cenário de crise, trará impacto positivo para a siderurgia brasileira”.

 

A mesma alegação foi adotada pela Usiminas, que salientou que a “medida representa uma das contribuições necessárias ao fortalecimento da siderurgia brasileira, que atualmente tem enfrentando drástica redução de demanda, agravada pelo aumento das importações”. De acordo com, números do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), nos primeiros cinco meses do ano entraram 928 mil toneladas de produtos siderúrgicos importados no mercado brasileiro, um volume 5,6% maior do que o anotado em mesmo período do ano passado, mesmo com o consumo menor de aço do País em 2009. Também procurada, a CSN afirmou à reportagem que não se manifestará sobre o assunto.

 

De outro lado, a crise trouxe junto aos grandes consumidores de aço a expectativa de queda do preço do aço para acompanhar, assim, a demanda mais baixa. “Nós somos contra qualquer proteção para as matérias-primas, principalmente o aço”, afirmou o diretor de mercado interno e vice-presidente da Abimaq, José Velloso. O executivo afirmou que, de acordo com projeções da entidade, o preço do aço brasileiro está entre 30% a 60% mais alto do encontrado fora do País. “Essa medida vai trazer mais falta de competitividade da cadeia produtiva. O governo está protegendo o aço, que tem baixo valor agregado”, disse Velloso.

 

O executivo da Abimaq afirmou, ainda, que um grande medo é que o “preço do aço no mercado interno aumente ou deixe de cair”. Segundo ele, a indústria de máquinas e equipamentos utiliza o aço produzido nacionalmente para suas atividades.

 

O mesmo é alegado pela indústria da construção civil.

 

“A construção civil não tem como prática a importação de produto internacional, principalmente o aço”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sérgio Watanabe.

 

“A medida vai inibir a importação do aço e isto poderá fazer que o aço se mantenha elevado”, afirmou Watanabe. Segundo o presidente do Sinduscon, o setor já começa a se mobilizar para pressionar a redução do preço do aço.

 

O setor da construção civil, juntamente com as indústrias de máquinas e equipamentos e o setor automotivo são responsáveis por grande parte do consumo nacional de aço.

 

Já o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, acredita que “não há espaço nas usinas nacionais para mexerem no preço”, devido, principalmente, à capacidade ociosa ainda existente nas usinas. Loureiro afirmou que já existe no mercado brasileiro uma movimentação de ajuste de preços do aço. Segundo ele, a chapa grossa já caiu cerca de 30% enquanto bobinas à quente, de 20% a 25%. Ele lembrou, no entanto, que a queda de preços prejudica a cadeia, por obrigar as empresas a espremerem suas margens.

 

Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa outro grande consumidor de aço, afirmou que ainda não fez uma análise sobre a questão.

 

Fernanda Guimarães e Crislaine Coscarelli

 

 

 

Consumidores de aço tentam reverter taxa de importação

 

SÃO PAULO – Um dos grandes apelos da indústria siderúrgica brasileira com o início da crise econômica que levou para baixo a demanda do aço em todo o mundo está gerando controvérsias entre as usinas e os principais consumidores de aço do País.

 

Com o aumento das taxas de importação de diversos produtos siderúrgicos, o medo de alguns setores industriais é que uma queda mais significativa do preço do aço, a exemplo do que já está ocorrendo em outros países, fique ainda mais distante do mercado brasileiro.

 

Para tentar reverter a decisão, os setores consumidores do aço já começam a se organizar. Representantes do setor de bens de capital, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), se reunirão, hoje, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, para discutir sobre o assunto, segundo informações da entidade.

 

As usinas siderúrgicas, por outro lado, estão satisfeitas com a medida, que há tempos estava sendo solicitada ao governo, sob a alegação de que a entrada de aço de fora estava prejudicando a indústria local, por conta de competição desleal. Procuradas, a Gerdau e Usiminas afirmaram, por meio de nota ao DCI, que apoiam a decisão para o “restabelecimento das alíquotas de importação”.

 

A primeira disse que “também acredita que a medida, diante do atual cenário de crise, trará impacto positivo para a siderurgia brasileira”.

 

A mesma alegação foi adotada pela Usiminas, que salientou que a “medida representa uma das contribuições necessárias ao fortalecimento da siderurgia brasileira, que atualmente tem enfrentando drástica redução de demanda, agravada pelo aumento das importações”. De acordo com, números do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), nos primeiros cinco meses do ano entraram 928 mil toneladas de produtos siderúrgicos importados no mercado brasileiro, um volume 5,6% maior do que o anotado em mesmo período do ano passado, mesmo com o consumo menor de aço do País em 2009. Também procurada, a CSN afirmou à reportagem que não se manifestará sobre o assunto.

 

De outro lado, a crise trouxe junto aos grandes consumidores de aço a expectativa de queda do preço do aço para acompanhar, assim, a demanda mais baixa. “Nós somos contra qualquer proteção para as matérias-primas, principalmente o aço”, afirmou o diretor de mercado interno e vice-presidente da Abimaq, José Velloso. O executivo afirmou que, de acordo com projeções da entidade, o preço do aço brasileiro está entre 30% a 60% mais alto do encontrado fora do País. “Essa medida vai trazer mais falta de competitividade da cadeia produtiva. O governo está protegendo o aço, que tem baixo valor agregado”, disse Velloso.

 

O executivo da Abimaq afirmou, ainda, que um grande medo é que o “preço do aço no mercado interno aumente ou deixe de cair”. Segundo ele, a indústria de máquinas e equipamentos utiliza o aço produzido nacionalmente para suas atividades.

 

O mesmo é alegado pela indústria da construção civil.

 

“A construção civil não tem como prática a importação de produto internacional, principalmente o aço”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sérgio Watanabe.

 

“A medida vai inibir a importação do aço e isto poderá fazer que o aço se mantenha elevado”, afirmou Watanabe. Segundo o presidente do Sinduscon, o setor já começa a se mobilizar para pressionar a redução do preço do aço.

 

O setor da construção civil, juntamente com as indústrias de máquinas e equipamentos e o setor automotivo são responsáveis por grande parte do consumo nacional de aço.

 

Já o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, acredita que “não há espaço nas usinas nacionais para mexerem no preço”, devido, principalmente, à capacidade ociosa ainda existente nas usinas. Loureiro afirmou que já existe no mercado brasileiro uma movimentação de ajuste de preços do aço. Segundo ele, a chapa grossa já caiu cerca de 30% enquanto bobinas à quente, de 20% a 25%. Ele lembrou, no entanto, que a queda de preços prejudica a cadeia, por obrigar as empresas a espremerem suas margens.

 

Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa outro grande consumidor de aço, afirmou que ainda não fez uma análise sobre a questão.

 

Duas semanas depois de o governo ter aumentado a proteção ao aço nacional, grandes consumidores domésticos contabilizam diferença de preços de 30% a 60% mais altos do que fora do País.

 

Hoje representantes do setor de bens de capital e da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) se reúnem com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, para discutir o assunto. Também a indústria da construção civil protesta. “A medida vai inibir a importação do aço e isto poderá fazer com que o aço se mantenha elevado”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sérgio Watanabe. O setor da construção civil, juntamente com as indústrias de máquinas e equipamentos, e o setor automotivo são os maiores consumidores de aço do País.

 

As siderúrgicas defendem as novas alíquotas do imposto de importação sob a alegação de que as importações de aço estavam prejudicando a indústria local. Tanto a Gerdau (Açominas) como a CSN (Volta Redonda) anunciaram religamento de altos-fornos e contratações. Ontem a Gerdau concluiu uma renegociação da sua dívida com credores para um patamar de 25% do seu fluxo de caixa (Ebitda) e disse, por meio de nota, “acreditar que a medida [proteção], diante do atual cenário de crise, trará impacto positivo para a siderurgia brasileira”.

 

Dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) mostram alta de 5,6% nas importações nos primeiros cinco meses do ano ante o mesmo período de 2008. A crise mundial trouxe a expectativa de queda dos preços. “O governo está protegendo o aço, que tem baixo valor agregado”, afirmou o diretor de Mercado Interno da Abimaq, José Velloso.

 

Fernanda Guimarães