Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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PR decide fechar questão no apoio a Maia

Valor Econômico

Caio Junqueira | De Brasília

A Executiva do Partido da República deve se reunir na tarde de hoje para fechar questão em favor da candidatura do candidato do PT a presidente da Câmara, Marco Maia (RS). Com isso, estará aberto oficialmente o prazo para que o deputado Sandro Mabel (PR-GO) desista de sua candidatura. Se não o fizer até terça-feira, data da eleição, a direção da legenda poderá expulsá-lo por não seguir as orientações partidárias. O processo seria aberto após confirmada sua candidatura.

A avaliação no PR é que a candidatura de Mabel prejudica a sigla na relação com o governo. Ontem pela manhã, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) encontrou-se com Mabel, em uma última tentativa de demovê-lo da disputa, mas não obteve sucesso. Além da possibilidade de perder a legenda, o principal cargo de segundo escalão que Mabel tem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Goiás, também será retirado.

Mesmo sem apoio do partido e do governo, Mabel fez intensa campanha ontem, adotando um discurso “empresarial e desenvolvimentista”, um dos principais argumentos que tem sustentado suas falas.

Dono de uma fortuna de mais de R$ 70 milhões, distribuída principalmente em empresas do ramo alimentício e agropecuário, o deputado tem se apoiado na experiência acumulada no setor privado para fundamentar a “gestão eficiente” que pretende imprimir, se for eleito. Nessa linha, as alusões a presidente Dilma Rousseff foram frequentes nas primeiras quarenta e oito horas de campanha. “Sou desenvolvimentista como a Dilma”, disse ontem.

Para provar o viés empresarial e ganhar apoio dos deputados, anunciou ontem sua maior proposta para vencer Maia: a ampliação do anexo 4 e a construção do anexo 5 da Câmara. Juntas, as duas obras teriam um custo de pelo menos R$ 80,2 milhões, valor que está disponível na lei orçamentária de 2011, aprovada em dezembro. As obras seriam custeadas com os mais de R$ 200 milhões da venda da folha de pagamento dos funcionários da Câmara para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, realizada em 2008. “[Os custos da obra] São detalhes. Depois que virar presidente a gente vê isso. Não existe gasto, o dinheiro está parado. Não tenho preocupação com polêmicas e causas justas”, disse ontem. Na véspera, afirmara que “o dinheiro da Câmara precisa ser gasto”.

A ampliação do anexo 4 teria por objetivo aumentar a área dos gabinetes dos deputados e transferir os que estão no anexo 3 para o 4. Também seriam construídos restaurantes, auditórios e salas de reuniões. Já a finalidade do anexo 5 é abrigar a biblioteca, documentos, museu e espaços culturais. No documento que apresentou com os compromissos de sua campanha, afirma que “nossa estrutura física é uma vergonha”. Marco Maia não se manifestou a favor das obras, mas também não disse ser contrário a elas. Nos bastidores, porém, a apoia.

Em outra frente, contudo, ambos se opõem. Mabel é ex-dirigente de sindicatos da indústria alimentícia, de associações comerciais, da Federação das Indústrias do Estado de Goiás e da Confederação Nacional das Indústrias. Maia teve toda a carreira política ligada a sindicatos e federações de trabalhadores metalúrgicos.

Nos últimos quatro anos, o petista foi um dos principais defensores da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40, algo que Mabel vê com restrições. “Agora é a hora? Tem que avaliar bem porque há perigo de os custos disso serem repassados imediatamente aos preços e sabe quem vai pagar a conta? Os mais pobres”, afirmou ontem, garantindo que “sempre viu uma harmonização nas discussões entre capital e trabalho”.

“Administro um orçamento de R$ 1 bilhão dentro da minha empresa. Falo inglês, espanhol”, disse ontem, referindo-se à Mabel, na qual é presidente do Conselho de Administração. “Dilma quer mexer nessas áreas de concessões e marco regulatórios e eu entendo dessa visão de gestão e desenvolvimento”, declarou.

Mabel também faz um discurso dedicado aos deputados em geral, firmando compromissos baseados em antigas reclamações e anseios dos parlamentares, como o Orçamento impositivo (no qual as emendas parlamentares têm execução garantida).