“Os trabalhadores brasileiros continuam apreensivos sobre a situação nacional. Apreensivos, mas não passivos.
Em inúmeras campanhas salariais têm conseguido reajustes que garantem o poder de compra dos salários e em algumas delas conquistaram aumentos reais. Vários sindicatos têm enfrentado a onda de demissões e resistem ao desemprego com mobilizações e greves.
As direções sindicais têm se manifestado contra as pretendidas reformas previdenciária e trabalhista, continuam a combater a jurolândia que infelicita o país e propõem soluções emergenciais positivas para enfrentar a desindustrialização e o desemprego.
Mas não se pode ocultar o fato de que as cúpulas sindicais estão divididas politicamente a respeito do impedimento da presidente Dilma: há os que não o admitem e não reconhecem o governo de transição e os que admitem a troca mas reagem contra as medidas anunciadas, alguns até de maneira contundente. A adesão pura e simples ao governo Temer é minoritária.
Por enquanto têm predominado nas manifestações políticas do movimento sindical essas divisões, o que não quer dizer que se possa abandonar a luta pela unidade de ação em torno da pauta trabalhista e sindical, o que seria um contrassenso prejudicial a todos, com exceção dos adesistas de carteirinha.
Dois exemplos recentes dessas divisões demonstram as dificuldades, mas podem apontar caminhos para sua superação.
Em Genebra, na reunião anual da OIT, os adversários sindicais do impedimento organizaram expressivos atos de repúdio enquanto o orador anual representante dos trabalhadores brasileiros concentrou sua intervenção na denúncia dos ataques patronais e judiciais contra os direitos dos trabalhadores, em particular ao direito de greve, sem se manifestar sobre a legitimidade ou não da transição governamental. Exceto este último aspecto toda a sua exposição merece o apoio unânime da bancada sindical.
Em São Paulo, cinco centrais sindicais manifestaram-se na sede do Banco Central contra o aumento da taxa Selic, posição que com certeza, é a mesma das outras centrais que não participaram porque são contrárias ao “golpe”, mas poderiam ter participado.
As divisões políticas são passageiras, a unidade de ação é possível, necessária e permanente”.
João Guilherme
Consultor Sindical