Não é fácil fazer greve geral num país de dimensões continentais, como o Brasil. Por isso, nossas greves têm características diferentes do que se vê em pequenos países da Europa, por exemplo.
Este ano, nossa primeira grande greve completa um século. Aconteceu em 1917, durou vários dias, parou São Paulo, foi duramente reprimida pela Polícia, mas se saiu vitoriosa. São Paulo era, então, o nascente e pujante centro fabril do País.
Nas décadas seguintes, sempre ocorreram greves e protestos. Em 1962, por exemplo, houve uma grande paralisação pela efetivação do 13º salário. No ano seguinte, 78 Sindicatos puxaram um movimento nacional, por aumento e unificação das datas-bases.
Aí, veio o golpe de 1964, que atacou as entidades de classe e fez a luta sindical recuar. Só em julho de 1983 o País veio a vivenciar uma nova e forte greve geral. Mas não foi nacional.
O movimento mais forte ocorreu nos grandes centros. São Paulo parou, fazendo a quinta-feira parecer um feriado, segundo o líder metalúrgico Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão.
Cada greve geral tem suas razões. A de 1983, por exemplo, combatia os chamados decretos de arrocho salarial – 2.045 e 2.064 – e também reivindicava a volta das liberdades democráticas, sufocadas pelo regime. Seu êxito desgastou ainda mais a ditadura, especialmente junto aos trabalhadores.
A paralisação nacional marcada para esta sexta, dia 28, também tem suas razões. Basicamente, são três: contra a reforma da Previdência, contra o desmanche trabalhista e contra a terceirização irrestrita. Essas três questões unificam as Centrais Sindicais, porque os danos para os trabalhadores e a população serão dramáticos.
Guarulhos – O sindicalismo da nossa cidade está unido e mobilizado. Segunda-feira (24), houve reunião ampla na Força Sindical Regional, com grande número de sindicalistas e demonstração de forte disposição de parar na sexta. Podemos ter um movimento ainda mais forte do que o realizado em 15 de março.
Nenhum país vai bem com desemprego em massa, arrocho salarial, corte de direitos de trabalhadores e arrocho nos aposentados e redução nos investimentos sociais por parte do Estado. Não tem jeito de um país ir bem se sua classe trabalhadora estiver indo mal.
Por isso, a greve do dia 28 não é um movimento apenas dos trabalhadores. Na verdade, nossa paralisação é um grito da população e dos desempregados alertando o governo de que, a continuar desse jeito, o Brasil cai e não se levanta mais. O País precisa superar a crise. Mas as reformas neoliberais só ajudarão a complicar a situação, agravar a recessão e produzir mais exclusão social.
Nossa causa é justa. A greve geral é necessária, do jeito que puder ser feita, onde puder ser feita, com a participação dos trabalhadores, dos movimentos sociais e das entidades progressistas de nosso País.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
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