Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Políticos disputam voto no Dia do Trabalho em São Paulo

De olho nas eleições municipais do ano que vem e de 2014, o evento 1º de Maio Unificado, que reuniu lideranças da Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores e Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), ficou marcado pelo esforço do PSDB de investir em um território não muito comum: o sindicalismo, além de algumas declarações mais críticas ao governo petista.

O PSDB se fez presente nas comemorações com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acompanhado dos secretários de estado José Aníbal (Energia), Davi Zaia (Trabalho e Emprego) e Edson Aparecido (Desenvolvimento Metropolitano). A presidente Dilma Rousseff, porém, enviou como representante à festa o ministro Carlos Lupi (Trabalho).

Entre os tucanos, ainda que o partido esteja esfacelado no estado por conta da richa interna entre serristas e alckmistas, o esforço é para se inserir nas bases da classe trabalhadora, reduto do petismo. Tanto Aécio quanto Alckmin – na contramão do que fazia José Serra, que não tinha interlocução com o movimento sindical – têm enaltecido a importância dos trabalhadores no diálogo por melhorias sociais. Alckmin deu mostra clara disso quando reajustou o mínimo regional paulista a R$ 600 na primeira faixa, depois de reuniões com as centrais que, de outra parte, viram fracassar as negociações em torno do novo mínimo nacional, de R$ 540, longe dos R$ 600 pretendidos pelos trabalhadores.

No ato de ontem, Aécio criticou abertamente o PT dizendo que o desenvolvimento do Brasil não pertence a um único partido. Se o Brasil hoje é um país melhor, que se ajusta e se desenvolve, isso não é obra de um governo e de um partido. “Isso é obra dos trabalhadores brasileiros que, ao longo das últimas décadas, souberam impor sua agenda ao País”, destacou o mineiro.

Uma das bandeiras do ex-governador José Serra na campanha presidencial, a desindustrialização da economia e a desestabilização econômica também foram abordados pelo senador. “Precisamos estar cada vez mais vigilantes contra o processo gravíssimo da desindustrialização brasileira que já nos preocupa a todos. Vamos estar aqui absolutamente firmes denunciando a omissão do governo em relação ao retorno da inflação que penaliza, principalmente, a classe trabalhadora brasileira”, advertiu Aécio.

Ao final da fala, de três minutos, Aécio Neves lembrou que em Minas Gerais governou ao lado das centrais e espera repetir a mesma parceria pelo Brasil afora adiante. Ele encerrou a fala afagando as centrais dizendo que elas não se submetem a uma agenda de governo, sabem construir parcerias, mas tem independência necessária para impor a sua agenda. Comedido, o governador Geraldo Alckmin disse que levava ao evento o compromisso com o emprego, com a redução de impostos para a geração de empregos, com a qualificação dos trabalhadores.

Governistas

Oriundo do movimento sindical no Rio Grande do Sul, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi o expoente petista de maior vulto nas comemorações que reuniram 1 milhão de pessoas na zona norte da capital paulista. Maia destacou que o momento da economia brasileira permite aos trabalhadores cobrar melhoria salarial e de direitos e lembrou as demandas das centrais como a redução da jornada de trabalho, o fim do fator previdenciário. “Não há motivo para a existência de um parlamento se não for para estar ao lado do trabalhador do nosso País. Essa é a nossa tarefa, esse é o nosso desafio”, acrescentou.

Outro tema proposto pelas centrais é a regulamentação da terceirização, sobre a qual a Câmara dos Deputados já colhe assinaturas para a criação de uma Comissão Especial. “Já não é mais possível conviver com esse sistema que escraviza, que precariza e que não dá a dignidade devida aos trabalhadores e trabalhadoras do País”, discursou o petista. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT) conclamou os trabalhadores a diminuir os índices de acidentes de trabalho no País. “Precisamos da ajuda de vocês para que utilizem os equipamentos de segurança”, convocou Lupi. De acordo com o ministro, anualmente, 4% da força de trabalho do país é vitimada pelos incidentes. Curiosamente, enquanto o palco estava superlotado de sindicalistas, políticos e autoridades, parte do acesso do lado direito do palco cedeu, mas ninguém ficou ferido.

O prefeito da capital, Gilberto Kassab, do recém-fundado PSD passou pelo evento de manhã, evitando dividir os holofotes com os tucanos e petistas.

anderson passos