“Existem muitas formas de poder. Porém, a mais efetiva é a econômica. O poder econômico é forte, articulado, ousado e, naturalmente, ambicioso, porque quer sempre ampliar seus domínios.
O mercado é, digamos, a arena natural da disputa econômica. Mas, por si só, não se sustenta, nem atinge plenamente seus objetivos. Para isso, o poder econômico busca influência no aparelho de Estado ou mesmo seu controle.
Por aí se entende a promiscuidade entre capital e política, entre agentes econômicos e detentores de mandato ou de algum poder no Estado ou nos seus aparelhos. É o que se vê no caso Petrobras.
É preciso, sim, fazer justiça no caso da Petrobras. Mas é preciso, também, manter a empresa, porque ela é uma das principais colunas de crescimento do nosso País.
Mas não só na Petrobras. Dizem que o poder das empreiteiras nasceu durante a construção de Brasília, por Juscelino. É certo, porém, que esse poder se consolidou nas obras faraônicas da ditadura – Transamazônica, ponte Rio-Niterói, Ferrovia do Aço e outras.
Uma das grandes batalhas dos setores democráticos, no mundo de hoje, é encontrar meios de evitar ingerência econômica na política. Ou, pelo menos, limitar essa ingerência, a ponto de que ela não desequilibre o jogo político nem venha dirigir mandatos.
Não é uma luta fácil, mas precisa ser levada adiante. E nós, no Brasil, temos também essa tarefa. Há vários mecanismos jurídicos e legais para isso. Mas, sem fazer uma reforma política efetiva, será difícil avançar. E, sem avançar, vamos continuar vendo campanhas milionárias que, na prática, envolvem o eleitor e compram seu voto. Daí a sucessão de escândalos.
Como não há mandatário sem voto e tendo em vista que esse voto, de um modo ou de outro, é comprado pela campanha milionária e a marquetagem esperta, vão se comprometendo os mandatos, as casas legislativas, os executivos e, por fim, todo o processo político.
Na democracia, os avanços são obtidos com leis justas e ações administrativas que beneficiem o interesse coletivo. A pressão social, os embates ideológicos, as leis de iniciativa popular, a atuação dos tribunais de Conta e do Judiciário, tudo isso ajuda. Mas já seríamos um País muito melhor se tivéssemos conseguido separar poder econômico e política, mantendo a distância necessária.
Digo isso tudo porque é constrangedor ler nos jornais que um grande frigorífico nacional se diz contrariado com a indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Se um frigorífico se acha nesse direito, o que dizer de um grande banco ou de uma poderosa multinacional?”.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
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