Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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PIB de 5% em 2008 é garantido. Para 2009, aposta fica em 3%

Brasil deve sofrer com crescimento mais modesto da exportação e restrições ao crédito

Fernando Dantas, RIO

As projeções de crescimento do Brasil para 2009 estão em processo de queda, acompanhando o agravamento da crise financeira internacional. Ilan Goldfajn, sócio e fundador da Ciano Investimentos, nota que há não muito tempo havia projeções otimistas, particularmente do governo, de um aumento do PIB de 4,5% no próximo ano. “Algum tempo depois, já se falava em 3,5% a 4% e agora começa a se falar em 3% a 3,5%”. Goldfajn, que é ex-diretor do Banco Central (BC), acha que o País vai crescer em torno de 3% em 2009, com o resultado final podendo ficar um pouco abaixo ou um pouco acima disso.

Os analistas explicam que, por mais violenta que seja a crise, a perda em termos de crescimento só deverá ocorrer a partir de 2009, por questões estatísticas e também por causa da defasagem entre os primeiros efeitos na economia real (que já estão sendo sentidos na área de crédito) e a redução de fato da produção e da renda. Mesmo em 2009, observa Goldfajn, um crescimento de 1,4% já está garantido, por questões estatísticas, ainda que a produção estacione no nível de dezembro. Para 2008, há um consenso de que o Brasil deve crescer de 5% para cima.

Os economistas vêem basicamente dois canais para a contaminação do Brasil pela crise financeira internacional, apesar dos sólidos fundamentos da economia do País. O primeiro é o comércio internacional. A receita brasileira de exportações deve ter forte desaceleração no crescimento ou até cair (nos cenários mais pessimistas), pelo efeito duplo da queda do preço das commodities e de venda menores para um mundo desaquecido. Com menos renda externa, o País também será forçado a importar menos ou arriscar-se a um aumento perigosamente grande do déficit em conta corrente.

O segundo canal, como nota Joel Bogdanski, economista do Itaú, é o crédito e o acesso a capital (o mercado de lançamentos primários de ação está praticamente fechado), que vão afetar os investimentos das empresas. Com a freada brusca do mercado interbancário fora do País, em razão da crise bancária nos Estados Unidos e na Europa, o Brasil perde um complemento que não é grande, mas tampouco desprezível, no crédito doméstico. “Não vai haver crédito suficiente para todo mundo”, prevê Bogdanski.

Giovanna Siniscalchi, economista do Unibanco, prevê uma queda forte nos investimentos (a chamada formação bruta de capital fixo), que cresceu a um ritmo anual de 16% até o primeiro semestre de 2008. Pela sua estimativa, o ritmo deve cair para a casa de um dígito em 2009.

O crescimento em 2009 não depende apenas do contexto internacional, mas também da forma como o Banco Central (BC) vai conduzir a política monetária. “Se o crescimento despencar, eles devem cortar os juros”, diz Bogdanski. Ele nota, porém, que o BC “não é de grandes ousadias” e nunca deixa de se preocupar com a meta de inflação.