Tais dominações são grandes obstáculos para a sociedade brasileira participar mais efetivamente das lutas em defesa dos direitos das mulheres e na condenação dos crimes praticados contra as companheiras.
O ambiente domiciliar é sim de alto risco para a mulher, pois os índices de crimes de estupros e mortes estão ligados a pessoas da família como, por exemplo, companheiro, ex-companheiro, namorado, pai e irmão.
O feminicídio ocorre após uma série de fatos já ocorridos: agressões físicas e psicológicas e ameaças de morte. O problema é que a mulher não tem amparo seguro, nem do Estado e nem da própria família, e costuma ser tratada não como vítima, mas causadora dos fatos.
Frases preconceituosas, muito comuns na sociedade, devem ser combatidas. Parecem engraçadas, mas no fundo no fundo são agressões e coniventes com os crimes. Exemplos: “mas também com as roupas que ela usa…”; “ela está se oferecendo e depois vai reclamar se alguém agarrá-la”.
Estas ideias conservadoras vêm de dentro de casa, de pais para filhos, da submissão da mulher em relação ao homem, como uma espécie de propriedade, na qual o homem tudo pode. A mulher, enfim, é criada dentro de um casulo de proteção falsa, muito bem expressada pela expressão “minha filha não nasceu para sofrer, tem que casar com um cara rico, bem de vida, ela merece vida de princesa”.
Estereótipos são criados para sempre culpar a vítima, pois não encontram amparo seguro, pois a perseguição e a humilhação acompanham as mulheres em todos ambientes sociais, no trabalho sofre perseguição devido à relação de poder, quase sempre acompanhada por uma intenção sexual!
Portanto, a “legítima defesa da honra” e “a violenta emoção motivada por uma ação da vítima” são formas de não condenar aqueles que cometem crimes de perseguição, humilhação e assassinato de mulheres.
Somente através de políticas públicas de educação voltadas para o tema, que envolvam a sociedade, mostrando que o feminicídio tem que ser tratado em suas raízes, como questões históricas e ideológicas, e no próprio seio da família. Aliás, penso que os homens e as crianças têm um papel fundamental nos avanços a curto prazo.
Por outro lado, os tribunais têm que fazer valer as leis de proteção às mulheres e as entidades sociais e sindicais e as escolas, entre outras, precisam se envolver na educação permanente de organização e amparo às vítimas de suas bases de ação e incluir este tema como bandeira de luta prioritária!
Os canalhas e covardes não são capazes de vencer e convencer, por isto perseguem, destroem, e sentem ódio pelas mulheres. No entanto, todos aqueles que um dia sentiram amor por uma mulher chamada “mãe” jamais poderiam carregar o desprezo e o ódio por qualquer outra mulher. Precisamos fazer estas reflexões e questionamentos e avançar a luta em defesa dos direitos e da vida da mulher”.
Alsira Maria
diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes