“Boa parte da agenda do sindicalismo, atualmente, está focada no debate das reformas propostas pelo governo Temer. Isso é bom e ruim, ao mesmo tempo. Bom na medida em que as reformas possam modernizar a economia e o próprio Estado. Ruim porque as reformas propostas são conservadoras e neoliberais, ou seja, ameaçam direitos e garantias.
Portanto, quando se debate reforma, a pergunta é: Que reforma devemos fazer? E mais: A quem ela, de fato, vai beneficiar? Eu tomo de modelo as reformas de base do presidente Jango, que eram progressistas. Elas visavam modernizar a economia, distribuir de forma mais equilibrada a propriedade rural, tornar mais justa a estrutura fiscal e, acima de tudo, melhorar o padrão educacional do País, universalizando o acesso ao ensino.
Claro que o Brasil mudou de 1964 para cá e o conteúdo das reformas não pode mais ser idêntico às “reformas de base” de Jango. Mas o que não mudou é o princípio. Ou seja, uma reforma só se justifica se for pra fortalecer a cidadania, e não haverá cidadania forte com a precarização da Previdência e corte de conquistas civis e trabalhistas.
Sindicalismo – Uma das reformas pretendidas por Temer é a trabalhista, que o governo queria, inclusive, fosse encaminhada em regime de urgência. Eu não sou contra a iniciativa, mas considero errado e arbitrário um governante – qualquer que seja sua ideologia – tentar impor de cima pra baixo uma reforma que mexa com a vida de milhões de pessoas. O sindicalismo reagiu e, ao que parece, a matéria não terá mais tramitação urgente.
O Brasil hoje vive em permanente crise política e sofre uma dramática recessão econômica. Creio, portanto, que temos duas tarefas. Uma é garantir estabilidade jurídica, dentro do Estado de Direito. Outra é retomar o crescimento da economia, com geração de emprego e renda. Isso pode ser feito por meio de medidas amplas (como a redução dos juros e a liberação do crédito), mas também com ações locais, no município.
Reunião – Para tanto, estamos organizando em nosso Sindicato, dia 17, amplo encontro que debaterá meios de superar a crise em Guarulhos, buscando a retomada do crescimento. Vamos reunir sindicalistas, empresários, técnicos, entidades da sociedade e entes governamentais, a fim de debater a conjuntura, tirar um elenco de propostas e encaminhar a quem de direito. Encaminhar e cobrar a implementação das propostas.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical